• Partido decidiu marcar para o dia 29 o encontro no qual decidirá sobre o fim da aliança com Dilma
“O governo resolveu afrontar uma decisão da Convenção Nacional do PMDB nomeando Mauro Lopes” Michel Temer Vice- presidente, em nota oficial
Júnia Gama, Cristiane Jungblut - O Globo
O vice de Dilma e o presidente do Senado boicotaram a posse de Lula. O PMDB antecipará decisão sobre a saída do governo.
- BRASÍLIA E SÃO PAULO- O governo recebeu durante todo o dia de ontem sinais de afastamento por parte do PMDB, o maior partido da base aliada e considerado peça fundamental na tentativa de retomar a governabilidade. A ausência das principais figuras da legenda na cerimônia de posse dos novos ministros foi o primeiro gesto para marcar a distância que o PMDB pretende impor em relação ao Palácio do Planalto. O partido decidiu, ainda, antecipar a reunião do diretório nacional, que irá deliberar sobre o desembarque do governo.
A falta do vice-presidente Michel Temer à posse explicitou o protesto contra a nomeação de Mauro Lopes para a Secretaria de Aviação Civil, realizada após o partido decidir em sua convenção no último sábado que nenhum peemedebista poderia assumir cargos governamentais até que haja uma definição sobre o eventual rompimento com o governo. Segundo pessoas próximas, Temer decidiu permanecer em São Paulo por considerar que a decisão do Planalto é uma “afronta” ao partido. Recluso em na capital paulista desde a terça-feira, o vice- presidente divulgou uma nota demonstrando sua irritação: “O governo resolveu afrontar uma decisão da Convenção Nacional do PMDB nomeando Mauro Lopes”.
— O governo está afrontando a decisão do partido de não nomear novos cargos e com isto tenta desautorizar a decisão majoritária do partido. Temer, como presidente do partido, não pode comparecer à posse de um ministro que representa uma desautorização da decisão do PMDB — disse ao GLOBO a assessoria do vice.
A ausência dos senadores do PMDB à cerimônia foi ainda mais sentida pelo Palácio do Planalto. O acerto foi feito em reunião na noite de quarta- feira no gabinete do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB- AL), até então a principal ponte do governo com o PMDB e maior aposta do ex-presidente Lula para tentar reaglutinar a base aliada.
Oficialmente, Renan Calheiros justificou a falta como uma tentativa de manter “posição isenta” num momento de crise política. Renan disse que o país vive um “momento de exacerbação” e que é preciso esperar a discussão do processo de impeachment na comissão instalada na Câmara ontem. E repetiu o discurso de que não é “governista, nem oposicionista”.
— Mais do que nunca, não posso ser governo e nem oposição. Qualquer presença que permita a leitura que estamos desequilibrando o cenário, perdendo a isenção e partidarizando o debate, não é bom para o país e a democracia — disse Renan.
Mas, segundo interlocutores, o gesto serviu como uma espécie de “protesto branco” sobre toda a conjuntura no governo e também marca uma posição de distância dos senadores, que mantinham postura mais alinhada ao Palácio do Planalto. O líder do PMDB, senador Eunicio Oliveira (CE), e o vice-presidente do partido, Romero Jucá ( RR), acompanharam Renan na decisão. Um dos presentes à reunião dos senadores destacou a dificuldade de o PMDB se manter ao lado do governo neste momento.
— Se a Dilma não nomeasse Lula, o governo acabaria. Com a nomeação do Lula, o governo implodirá — disse um dos presentes.
Sob pressão dos diretórios regionais, a Executiva do PMDB então marcou para a tarde o dia 29 deste mês a reunião que irá definir se o partido desembarcará do governo Dilma Rousseff. A decisão foi tomada ontem, pouco depois da posse. As pressões vieram de diversos filiados, além dos deputados estaduais e da juventude do partido. O pedido nos estados e na juventude é para que o PMDB rompa já com o governo. Apesar da ausência dos dirigentes do PMDB, ministros do partido participam do evento. No início desta semana, os seis ministros peemedebistas reafirmaram seu ao apoio ao governo Dilma Rousseff, após a convenção do PMDB ter demarcado um distanciamento do Palácio do Planalto.
Além do PMDB, a direção do PP também divulgou ontem o requerimento de convocação extraordinária do Diretório Nacional do PP para deliberar sobre a saída do partido da base aliada do governo. Vinte dos 45 deputados e cinco senadores assinaram o documento.
— Não podemos ser o último a sair desse barco. Estou pedindo ao senador Ciro Nogueira, presidente do PP, que examine e convoque uma extraordinária — defendeu a senadora Ana Amélia (PP-RS). (Colaboraram Mariana Sanches e Silvia Amorim)
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