• Senadores batem boca sobre Lava- Jato, com troca de palavrões
Eduardo Bresciani, Letícia Fernandes - O Globo
- BRASÍLIA- Em ofensiva sobre o governo, a oposição decidiu ontem que vai aguardar a homologação da delação premiada do senador Delcídio Amaral ( PT- MS) para pedir o aditamento dela ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, acatado pelo presidente Eduardo Cunha ( PMDB- RJ) no início de dezembro. A oposição reiterou que fará obstrução na Câmara e no Senado pela instalação da Comissão do Impeachment; questionou na Procuradoria-Geral da República o uso de aparato da Presidência na visita de Dilma ao ex- presidente Lula, no sábado; e antecipou para hoje uma reunião com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, para discutir o rito do processo de afastamento da presidente. A oposição deseja ainda representar contra Dilma no Supremo, por crime de responsabilidade, com base no teor da delação de Delcídio.
A decisão de adiar o aditamento ao processo de impeachment seguiu a orientação dos autores da petição, os juristas Hélio Bicudo, Janaína Paschoal, Miguel Reale Júnior e Flávio Costa, que preferem aguardar a formalização do acordo. Segundo o líder do PSDB, deputado Antonio Imbassahy ( BA), o aditamento não prejudica o andamento do processo de impeachment na Casa.
No Senado, o dia foi de pronunciamentos fortes, com bate- boca entre senadores do governo e da oposição.
O momento de maior tensão foi durante o pronunciamento de Lindbergh Farias ( PT- RJ). O petista reclamou que políticos do PSDB não eram investigados. O tucano Cássio Cunha Lima (PB) ironizou o petista dizendo que ele não poderia se transformar de “cara pintada” em “cara lavada”. Aloysio Nunes Ferreira (PSDB- SP) chamou Lindbergh de “fanático caluniador”, enquanto o petista cobrava da tribuna investigação de denúncias contra a administração tucana em São Paulo, como o cartel do metrô e as fraudes na merenda escolar. O embate aumentou quando o petista afirmou que os tucanos estavam se juntando a “grupelhos fascistas” para as manifestações a favor do impeachment.
— Respeite a trajetória de quem lutou pela democracia nesse país. Fascista é a puta que pariu — disse Cunha Lima, já se afastando do microfone.
— Deixe-me concluir. Vocês estão juntos com Bolsonaro, sim. Estarão na mesma passeata — rebateu Lindbergh, referindo-se ao deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ).
Em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que é preciso acelerar a solução da crise política:
— O Brasil não aguenta ficar derretendo. O Congresso precisa decidir o impeachment.
O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, anunciou que a entidade vai apoiar as manifestações contra o governo Dilma, no próximo domingo.
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