• Aumenta a fragilidade do governo Dilma, de que petistas se afastam e a oposição deseja o fim, enquanto medidas não são tomadas até por falta de base parlamentar
A atual crise econômica, em marcha batida para ser a mais grave da história, tem origem bem conhecida, apesar do discurso oficial que tenta responsabilizar problemas na economia mundial. Mas as causas básicas da atual turbulência são bem conhecidas e internas, originadas em erros crassos do tal “novo marco macroeconômico”, aplicado a partir do segundo mandato de Lula e aprofundado em Dilma 1.
É receita infalível para desarrumar qualquer economia despreocupar- se com as despesas públicas, mascarar a inflação com subsídios, baixar juros à base de canetadas, não perceber o fim de um ciclo de superoferta de crédito, e assim por diante.
As estatísticas liberadas sexta-feira pelo IBGE sobre o PIB no ano passado são dramáticas. E não apenas o índice geral do PIB, de um retrocesso de 3,8%, só superado pelos 4,35% negativos de 1990, reflexo do desvairado sequestro da poupança cometido pelo governo Collor. Há, ainda, a ameaça de a atual crise ser tão ou mais longa que aquela recessão, de quase três anos.
Vários números preocupam. Um deles, o da queda dos investimentos em 14,1%, a maior em cerca de duas décadas. Em relação ao PIB, as inversões chegaram no último trimestre do ano em 16,8%, aproximadamente três pontos percentuais abaixo do resultado em idêntico trimestre de 2014. Isso quando se sabe que para a economia manter- se crescendo, de forma sustentável, a um ritmo de 4%, os investimentos precisam chegar aos 25% do PIB. Assim, a recessão destrói empregos hoje, enquanto também compromete a ampliação do mercado de trabalho no futuro. Com isso, aumenta a possibilidade da volta da maldição da “década perdida”, dos anos 1980.
Desta vez, com um fator político mais atuante para manter a economia no atoleiro. Pois a cada momento fica exposta a fragilidade crescente do governo Dilma, de que petistas se afastam e a oposição deseja abreviar o fim.
Petistas abominam a decisão de Dilma de rejeitar a proposta tresloucada de restabelecer o “novo marco”. Ela deve no mínimo intuir que a hiperinflação explodiria, enquanto o câmbio fosse para o espaço. Sequer as reservas de US$ 350 bilhões dariam conta de resistir ao tranco.
Mas, ao mesmo tempo, Dilma não avança, até por falta de base parlamentar, em mudanças essenciais para reverter a queda livre em que se encontram setores- chave: em janeiro, comparado com o mesmo mês de 2014, a indústria de bens de capital encolheu 35,9%, e a de bens duráveis, 28,2%.
Por isso, a Bolsa subiu e o dólar caiu quando circulou a notícia do depoimento coercitivo de Lula, na sexta. Os agentes de mercado deduzem que o lulopetismo no poder impede a aplicação da terapia adequada à crise. Também por isso, os investidores no setor real da economia se retraem. Poucas vezes ficou tão claro como um impasse político pode parar um país.
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