• Presidente diz que ‘ certo tipo de luta política’ afeta a economia
- O Globo
- CAXIAS DO SUL (RS)- A presidente Dilma Rousseff voltou a defender ontem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, investigado pela Operação Lava- Jato, e acusou a oposição de dividir o país e de tentar “antecipar as eleições de 2018”.
— A oposição tem absoluto direito de divergir, mas não pode, sistematicamente, ficar dividindo o país. Não pode. Sabem por quê? Porque tem certo tipo de luta política que cria um problema sistemático não só para a política, mas, também, para a economia e afeta a criação de emprego, o crescimento das empresas e ninguém fica satisfeito quando começa aquela briga — disse.
Dilma foi mais enfática na defesa de Lula do que no pronunciamento da última sexta- feira, após a condução coercitiva do ex- presidente, quando dedicou mais tempo a se defender das acusações feitas pelo senador Delcídio Amaral (PT-MS) em delação premiada.
Em seu discurso — que chegou a ser interrompido por gritos de “não vai ter golpe”, durante a entrega de unidades habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida em Caxias do Sul ( RS) —, a presidente disse que Lula sempre aceitou prestar depoimento.
— O presidente Lula, justiça seja feita, nunca se julgou melhor do que ninguém, sempre aceitou, convidado para prestar depoimento sempre foi. Então, não tem o menor sentido conduzi-lo sob vara para prestar depoimento, se ele jamais se recusou a ir — afirmou.
O tom mais forte na defesa de Lula, segundo interlocutores do Planalto, se deveu ao encontro que a presidente teve com o petista no último sábado.
— Ela conversou com ele. Ela sentiu o clima. Depois disso, é outra coisa — afirmou um interlocutor do Planalto.
A avaliação do governo foi de que na sexta- feira Dilma não havia se defendido o suficiente das acusações de Delcídio, veiculadas na revista “IstoÉ” no dia anterior. Dilma havia divulgado uma nota rebatendo o senador, mas o pronunciamento foi a primeira oportunidade de verbalizar a defesa do governo.
Ontem, em Caxias do Sul, Dilma fez uma defesa mais contundente de Lula e afirmou que não se deve demonizar pessoas e instituições com opiniões divergentes, mas se deve “exigir respeito”.
Preocupação com violência
A presidente voltou a criticar o que classificou de “vazamentos sistemáticos” de informações sigilosas na Lava-Jato.
— No Brasil, temos assistido a vazamentos sistemáticos e esses vazamentos provam, a partir de um determinado momento, que não são verdadeiros, mas o estrago de jogar lama nos outros já ocorreu.
O governo está preocupado que manifestações programadas para o próximo fim de semana em defesa de Lula sejam criminalizadas. Rui Falcão, presidente do PT, reuniu- se com ministros na manhã de ontem, no Palácio do Planalto, para evitar que a mobilização petista seja prejudicada.
A avaliação no Planalto é que um ato pró- Lula no próximo domingo, mesmo dia em que está marcado um protesto contra o governo, seria arriscado. Isso porque se os atos descambarem para a violência, com milhares nas ruas, o confronto pode ser incontrolável.
— Se os dois grupos se enfrentarem, se alguém sair ferido, vai ser muito complicado e muito triste — define um auxiliar da presidente.
A ideia do PT é trocar de dia, ou manifestar-se em local separado.
— O PT não tem esse histórico de violência. Não vai para arrumar confusão. Então há esse temor de ser criminalizado. Claro que as pessoas respondem quando são provocadas. Imagine isso em uma multidão. Não tem controle — afirmou um assessor do Planalto.
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