- Folha de S. Paulo
Quando o Brasil sair da "bad trip" glauberiana em que vive desde 2013, decorrente do esgotamento de seu modelo político, do abuso paroxístico das más práticas de sempre e da destruição da frágil estabilidade econômica, que país subsistirá? Quem irá liderá-lo?
Este é o questionamento que as poucas cabeças dedicadas a não apenas se manter sobre o pescoço em Brasília fazem. Como elas pensam, não se rendem a prestidigitações milagrosas como eleições gerais agora, uma lindeza para quem quer ser enganado. Mas a angústia reina.
Um princípio da "realpolitik" é o de mirar certo objetivo satisfazendo-se com a metade dele. É o que o governo interino tenta fazer, pagando o preço por erros que pareciam inimagináveis vindos de "profissionais", aspas óbvias. Ou talvez por isso.
Mas e o tal futuro? Por corrupção, incompetência ou ambas as coisas, o nada impera num sistema de representação falho que espelha a nação. Quem sobra entre os que se dizem à esquerda? A histrionice dos Gomes? O insuperável Haddad, aquele para quem seus mortos de frio são "pessoas que passaram pelo óbito" (a passeio?), ou José Eduardo "Tomás Turbando" Cardozo, a "pura" Marina?
No centro, já que ninguém fora os boitatás se assume conservador, quem surge? Tucanos ora enrolados em denúncia, ora em autofagia? Alguma "novidade do PMDB", como tentaram vender Eduardo Paes?
Este vácuo é sintoma da doença d´alma de um país que expande gastos com educação e vê o desempenho de seus alunos minguar, onde todos anseiam pelo úbere do Estado, impotente contra epidemias, com uma guerra civil em suas franjas.
Às vezes parece que o Brasil é a Bruxelas regida pelo Deus sacana e sádico do brilhante filme belga "O Novíssimo Testamento" (2015), dedicado a criar leis para atormentar sua criação. São décadas à frente. Com o que temos à mão, não é possível vislumbrar nenhum final feliz.
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