• Temer aguarda ainda desdobramento das 77 delações da Odebrecht
Cristiane Jungblut, Geralda Doca e Catarina Alencastro - O Globo
BRASÍLIA - O presidente Michel Temer pretende esperar as eleições dos novos comandos da Câmara e do Senado, em fevereiro, para realizar uma reforma ministerial. Até mesmo a nomeação do novo secretário de Governo deve entrar nesse cronograma. O Planalto avalia que qualquer movimentação agora poderia criar ainda mais conflitos na base aliada, que já enfrenta desgaste com as investigações da operação Lava-Jato. O plano só será alterado se aparecerem denúncias devastadoras.
Além de não querer parecer estar influenciando, Temer quer observar os desdobramentos das 77 delações premiadas da Odebrecht, cujos primeiros vazamentos já respingaram no presidente e geraram a saída de seu assessor especial José Yunes.
Temer foi citado em depoimento do ex-executivo da Odebrecht, Claudio Melo Filho, além de Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretário especial). Padilha chegou a se afastar, alegando problemas de saúde, mas retomou, e tem desmentido que deixará o governo.
Temer, segundo interlocutores, avalia que a situação mais delicada é a da Câmara, já que o chamado Centrão — grupo de partidos formado pelo ex-presidente da Casa Eduardo Cunha — contesta a candidatura do atual presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que quer se manter no cargo eé o preferido do Planalto.
No domingo passado, Temer conversou com o líder do PSDB na Câmara, deputado Antonio Imbassahy, e pediu que o partido aguardasse. O Planalto admite que foi gerada uma interpretação de que a opção por Imbassahy seria uma interferência em favor de Maia. No Senado, o sucessor do presidente, Renan Calheiros (PMDB-AL), deverá ser o líder do PMDB na Casa, Eunício Oliveira (CE).
Segundo um ministro, a eleição das Mesas é importante para o governo porque a configuração do comando da Câmara e do Senado pautará as relações políticas nos próximos dois anos. O Planalto, conforme esse ministro, espera esse resultado para definir o alcance de uma reforma ministerial.
Temer já manifestou a interlocutores incômodo com os vazamentos das delações da Odebrecht. No Planalto, diz-se que o presidente trabalha com dois cenários, após a chegada das 77 delações ao STF: vazamentos diários ou a interrupção deles. Na semana, Temer reforçou o discurso de que “vazamentos são ilegais”.
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