Por Raphael Di Cunto | Valor Econômico
BRASÍLIA- A bancada ruralista, que chegou a cogitar candidatura própria para a presidência da Câmara dos Deputados, apoiará a reeleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ). Em troca, o grupo, um dos mais articulados da Casa, espera encaminhamento de projetos do setor e avanço da CPI que investiga desvios na Funai e Incra.
"Não tivemos reunião formal porque não dá para reunir todos no recesso, mas me deram o aval para defender o nome do Rodrigo", disse o presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA), Marcos Montes, que em fevereiro deixa o cargo e se tornará líder do PSD na Câmara.
Os ruralistas, considerados o maior grupo suprapartidário do Congresso, cogitavam lançar o próprio Montes para a presidência da Câmara, defendendo uma agenda de projetos ligados ao agronegócio. Mas decidiram fazer campanha por Maia, avaliado por eles como o favorito.
Segundo o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), que assumirá a presidência da FPA, a escolha é pela continuidade. "O Jovair é inclusive filiado à frente e também é um ótimo nome. Mas a maioria dos deputados já tem posição partidária de apoio ao Rodrigo e, no meio de uma crise como estamos vivendo, é melhor mantermos o que está dando certo para continuar com essa linha de reformas para o país", afirmou.
Jovair Arantes (GO), líder do PTB na Câmara, corre por fora tentando angariar o apoio do baixo clero para se viabilizar.
Os ruralistas querem que o futuro presidente faça andar a agenda do setor: mudanças na legislação ambiental e trabalhista e a permissão para venda de terras a estrangeiros, por exemplo. Além disso, apoiarão Osmar Serraglio (PMDB-PR) para a 1ª vice-presidência - Maia prometeu a vaga ao PMDB, que não bateu o martelo sobre o nome.
O anúncio, antecipado pelo Valor PRO, é mais um baque na candidatura de Rogério Rosso (DF), atual líder do PSD, mas que perde musculatura dentro do próprio partido e escreveu uma carta liberando a bancada a votar em outros candidatos. "Agora que temos a autorização dele conversei ontem com o Rodrigo por telefone e vamos nos reunir essa semana", afirmou Montes, que foi colega de Maia no DEM. "Se o Jovair nos procurar também vamos ouvir as propostas dele", emendou.
Ontem, após reunião com o presidente Michel Temer, Rosso afirmou que poderia deixar a disputa em nome da unidade da base, mas que não apoiaria uma candidatura "inconstitucional" - adversários alegam que Maia está impedido pela Constituição Federal de se reeleger. (Colaborou Andrea Jubé)
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