• PDT lança candidatura de André Figueiredo, que diz esperar apoio de demais partidos que se opõem a Temer; PT vai consultar Lula
Igor Gadelha e Isadora Peron | O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Sem apoio declarado de partidos da oposição, o PDT lançou nesta terça-feira, 17, o nome do deputado André Figueiredo (CE) como candidato à presidência da Câmara. O parlamentar cearense ainda trabalha para fechar uma aliança com o PT, mas a legenda tem dado sinais de que poderá apoiar a recondução de Rodrigo Maia (DEM-RJ) ao cargo.
Com 21 deputados, a legenda sabe que tem poucas chances de vitória, mas decidiu lançar Figueiredo para marcar posição e reforçar a articulação do partido em torno da candidatura do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) à Presidência em 2018.
O deputado do PDT, que foi ministro do governo de Dilma Rousseff, disse que procurou líderes e parlamentares de legendas como PT, PCdoB, PSOL e Rede nos últimos dias e que tem “esperança e expectativa” de que esses partidos anunciem apoio à sua candidatura.
A falta de união entre os partidos de oposição favorece Maia e os demais candidatos da base do presidente Michel Temer. Figueiredo ressaltou, por exemplo, que, se houvesse unidade, os cinco partidos teriam juntos cerca de cem deputados, número que somado a outros parlamentares “insatisfeitos” da base aliada poderia levá-los a um eventual segundo turno.
Petistas. O líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (SP), participou do lançamento da candidatura. Em seu discurso, lembrou que o partido ainda discute qual posição tomar na eleição para o comando da Câmara, mas disse ver com “muito bons olhos” a candidatura de Figueiredo.
A bancada de deputados do PT se reuniu nesta terça-feira em Brasília, mas não chegou a um acordo sobre quem apoiar na disputa. O tema vai ser debatido nesta quarta-feira, 18, em São Paulo, em uma reunião com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A ala mais pragmática da legenda afirma que a candidatura de Figueiredo não é viável e que o melhor caminho seria negociar com candidatos com condições de ganhar a disputa, como Maia ou o deputado Jovair Arantes (PTB-GO). O argumento é o de garantir cargos na Mesa Diretora e em outros espaços da Câmara, como comissões temáticas e relatorias de projetos importantes.
Uma parte do PT, porém, é contra essa ideia, porque, além de esses deputados fazerem parte da base do governo Temer, também trabalharam pelo impeachment de Dilma. “Eu acho que a gente não pode apoiar golpista, nem no primeiro nem no segundo turno”, disse o deputado Afonso Florence (BA), que foi líder do PT na Câmara até dezembro.
Após a reunião com os parlamentares, Zarattini classificou o desconforto de parte da bancada com o apoio a defensores do impeachment como “uma questão menor” e disse que o consenso entre os deputados é de que o partido não pode ficar de fora da Mesa Diretora, como aconteceu na eleição passada, quando o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) venceu a disputa. Essa também foi a posição defendida pelo deputado José Guimarães (PT-CE). “Essa não é uma decisão ideológica. É uma decisão por espaço na Câmara, espaço pelo qual temos direito”, disse.
Cargos. Como segunda maior bancada na Câmara, com 57 deputados, o PT tem direito a segunda escolha para compor a Mesa, responsável por conduzir os trabalhos da Casa. Maia, no entanto, discute a formação de blocos para deixar o PT sem cargos caso o partido não apoie a sua candidatura.
Questionado sobre a indefinição do PT e do PCdoB, que também pode apoiar Maia, Figueiredo afirmou ser “contraditório” o apoio dos dois partidos a um candidato que votou a favor do impeachment. “Não gosto de falar na tecla da incoerência, porque acredito que não vá acontecer.
Mas não deixa de ser contraditório termos a expectativa de que esses dois partidos, que têm trajetória política de respeito, venham a apoiar eventuais candidatos que atentaram contra a democracia no passado recente”, afirmou o pedetista.
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