Quando deixar a presidência dos Estados Unidos na sexta-feira (20), Barack Hussein Obama poderá considerar-se bem-sucedido sob vários pontos de vista, mas terá de lidar com uma lista notável de fracassos.
Talvez seu maior êxito esteja na economia. Quando assumiu o primeiro mandato, em 2009, o PIB americano encolhia 2,8% e o desemprego alcançava 10%. O país passava pela pior recessão desde 1929. Um ano depois, registrava-se crescimento de 2,5%, e a taxa se manteve em território positivo.
Não se sabe, contudo, quanto desse resultado pode ser atribuído diretamente a Obama. Os ciclos recessivos tendem a ser curtos nos EUA; a retomada provavelmente ocorreria mesmo com outro presidente —talvez fosse mais lenta, talvez mais rápida.
Além disso, a recuperação dos empregos ficou muito aquém do que esperava a classe média baixa, e isso ajuda a explicar por que esse segmento votou contra Hillary Clinton, candidata de Obama.
Se falhou no mercado de trabalho, o primeiro presidente negro dos EUA saiu-se bem na tentativa de universalizar o acesso à saúde. A iniciativa, entretanto, talvez não sobreviva ao governo Donald Trump e custou caro ao democrata.
Após a instalação do chamado Obamacare, os congressistas republicanos iniciaram oposição ferrenha à Casa Branca. Quando reconquistaram a maioria no Congresso, impuseram dificuldades até para aprovar contas básicas do governo.
Por isso, boa parte das medidas mais recentes do democrata não se escora em leis, mas em ordens executivas —que podem ser revertidas com uma canetada de Trump. Se todo legado presidencial é frágil, o de Obama o é ainda mais.
Na agenda internacional, o presidente reduziu drasticamente o engajamento dos EUA nas duas guerras que herdou de seu antecessor e recolocou o país nas negociações internacionais para mitigar os efeitos do aquecimento global. Ainda iniciou a normalização das relações com Cuba e fechou um acordo nuclear com o Irã.
Por outro lado, tergiversou e tomou decisões equivocadas em relação ao conflito da Síria, que já provocou cerca de 500 mil mortes.
Ademais, a diminuição das tropas americanas em países como Iraque e Afeganistão foi compensada pelo aumento dos drones, com os quais Obama transformou o assassinato de suspeitos num dos eixos principais do combate ao terrorismo. Só em 2016 foram lançadas 26 mil bombas pelo mundo.
Conceitos como direito de defesa e devido processo legal foram massacrados pelo ex-professor de direito constitucional. Aliás, sua administração também recorreu a processos contra jornalistas para que revelassem suas fontes.
Por fim, Obama não cumpriu promessa de fechar a prisão de Guantánamo, símbolo dos abusos da guerra ao terror iniciada por George W. Bush (2001-2009). O democrata, porém, reduziu o número de encarcerados no local.
Lamenta-se que Obama não tenha cumprido um de seus principais compromissos humanitários, mas, às vésperas de Trump, é um alento constar que não se realizam todos os desejos de um presidente.
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