Igor Gielow | Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - No chamado campo conservador, de centro-direita ou qualquer outra denominação imprecisa, o drama é enorme para 2018.
É um paradoxo, com o PT destroçado após o impeachment de Dilma Rousseff e a devastação decorrente do mensalão e do petrolão.
Mas os principais nomes deste campo estão também sob a ameaça da mesma Lava Jato. E, mantendo a tradição, estão brigando entre si.
O senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, está acossado pelas diversas citações a seu nome nas delações –e a maior de todas, a da Odebrecht, ainda nem foi divulgada. "Aécio não vai se agarrar de forma quixotesca à candidatura", resume um aliado.
Como está no controle da máquina partidária, qualquer acerto passa pelo mineiro. Aí entra Geraldo Alckmin, o longevo governador paulista, que trabalha sua candidatura junto a diretórios estaduais do PSDB.
O objetivo é ter densidade no caso de prévias partidárias –e nem se fala ainda da dificuldade de penetração no eleitorado nordestino.
Ocorre que o tucano também está citado na Lava Jato, ainda que de forma por enquanto mais lateral do que colegas de partido. Todos negam irregularidades.
Outro dos mencionados é José Serra, cuja saída do Itamaraty na semana passada pegou o tucanato de surpresa. Ele era o esteio da aliança PSDB-PMDB, em dupla com Aécio e em contraposição a Alckmin, que prefere uma relação mais distante.
Isso reforçou o governador, mas até certo limite: e se ele acabar comprometido? "Aí teremos de achar um Doria, se não for o próprio", diz outro tucano.
Além de ter de manter a sua alta aprovação (44% no mais recente Datafolha), Doria precisará se provar um fenômeno fora de centros urbanos. Num país em que 44% do PIB passa por mãos estatais (contas de Giannetti) e 90% dos municípios dependem de verbas federais (números de D´Avila), a antipolítica pode não colar universalmente.
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