Presidente da Alerj insinua que Jonas Lopes é aliado de Garotinho
Marco Grillo | O Globo
O presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Jorge Picciani (PMDB), afirmou ontem que não tem nada a “temer” e, sem citar nomes, insinuou que as acusações do ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Jonas Lopes tentam atingilo por uma suposta aliança do delator com o ex-governador Anthony Garotinho. Picciani foi levado coercitivamente a depor anteontem, por decisão do Superior Tribunal de Justiça.
— Esse senhor (Jonas Lopes) é aliado, e corre risco de sua delação cair (por esse motivo), daquele que é meu maior detrator na política, de quem não vou dizer o nome. Não recebi (propina) e não há como provar que recebi — disse Picciani. — Eu nada temo, nada devo e não tenho medo de insinuação de delator.
A delação de Jonas Lopes está sob sigilo, mas ele teria afirmado que Picciani recebia e distribuía propina a conselheiros do TCE. Cinco integrantes do tribunal foram presos pela Polícia Federal.
Picciani afirmou que não teve acesso ao inquérito e que respondeu a três perguntas na sede da PF. A primeira delas, sobre o projeto de lei que permitiu ao estado usar os recursos do fundo especial do TCE. Jonas Lopes teria afirmado que Picciani recebeu propina para facilitar a tramitação e a aprovação do projeto. O presidente da Alerj nega. O dinheiro foi usado pelo estado para quitar dívidas com empresas que fornecem alimentação a presos. O presidente da Alerj disse ainda que foi questionado se conhecia o presidente da Fetranspor, com quem afirmou ter uma relação “institucional”. Ele também respondeu aos investigadores que não tinha conhecimento do pagamento de propina para a execução de projetos na Secretaria de Obras.
Garotinho afirmou que não ocupa um cargo de “relevância” e não tem “capacidade de influenciar um tribunal ou um presidente de tribunal”. O ex-governador afirmou ainda que a “relação com Jonas Lopes sempre foi de amizade e não de negócios".
CRÉDITOS DO RIOCARD
Em nota, a Alerj informou que o projeto de lei aprovado pela Casa previa que o saldo remanescente do RioCard fosse para o Fundo Estadual de Transporte. O governador Luiz Fernando Pezão, no entanto, vetou o artigo ao sancionar a lei. Desta forma, o impasse sobre a destinação dos créditos permanece. A análise do veto será votada na terçafeira. A Fetranspor disse que não foi beneficiada pela Alerj ou “por qualquer órgão de governo”. Em delação premiada, Jonas Lopes afirmou que uma lei aprovada pela Alerj é que permitiu à Fetranspor o acesso ao saldo remanescente do RioCard.
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