Nomes considerados com maior potencial eleitoral na disputa do ano que vem, Joaquim Barbosa e Luciano Huck vivem impasses
Pedro Venceslau Ricardo Galhardo / O Estado de S. Paulo.
Enquanto os partidos tradicionais avançam nas articulações eleitorais para 2018, os presidenciáveis de fora do mundo político mantêm o suspense sobre suas pretensões. Impasses marcam as eventuais candidaturas do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa e do apresentador Luciano Huck, considerados os “outsiders” com maior potencial na disputa do ano que vem.
Sondado pelo presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, para a disputa pelo Palácio do Planalto, Barbosa ainda não tem o apoio garantido da legenda caso decida entrar no pleito.
Já Huck tem as portas do PPS abertas, mas enfrenta o dilema de abandonar a carreira de sucesso na TV para entrar na política. Ele não recebeu, pelo menos até agora, garantias da TV Globo de que poderá voltar à emissora em caso de derrota nas urnas (mais informações nesta página). O apresentador, em suas manifestações públicas, costuma afirmar que, “no momento”, não é candidato.
As movimentações políticas de Huck são feitas em conjunto com o grupo Agora!.
“Não sei nada de novo”, disse ao Estado o presidente do PPS, Roberto Freire. “Há muita especulação sobre a decisão dele. Não quero pressioná-lo. Ele tem consciência de que, se decidir participar, sua vida vai mudar muito”, disse o dirigente.
No caso de Barbosa o obstáculo é mais complexo. As conversas com o ex-ministro do Supremo geraram reações na ala do PSB que defende o apoio ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) na campanha presidencial do ano que vem.
“O ministro Joaquim é um nome famoso e respeitado. Seria uma honra recebê-lo no partido, mas dizer que a vaga dele é precoce”, disse o vice-governador de São Paulo, Márcio França, que integra a Executiva Nacional do PSB. “Se ele vier e quiser ser candidato, outras pessoas terão a mesma pretensão. Aldo Rebelo é um deles.” O vice-governador paulista destaca que não há no PSB uma tradição de realizar prévias.
O prazo final para a decisão sobre candidatura presidencial, portanto, será março, quando será realizado o congresso nacional da legenda. A expectativa é reunir 600 delegados no evento. Se não houver consenso, o ex-presidente do Supremo teria de se submeter a uma disputa interna acirrada.
Barbosa já admitiu que recebeu “sondagens” e manteve conversas com a Rede – da exministra do Meio Ambiente Marina Silva – e com o PSB, mas se diz “hesitante ainda” em decidir sobre uma eventual candidatura. O PSB seria a melhor opção porque o ex-ministro considera que o partido não tem dono. Ele costuma ser um crítico do que chama de “caciquia” das legendas.
O maior entusiasta da opção Barbosa no PSB é Siqueira. “A eleição de 2018 está mais para um outsider”, disse o presidente do partido.
O dirigente reconhece, porém, que ainda não há consenso em torno do nome do ex-ministro. “Nenhuma candidatura está garantida. Não podemos tomar essa decisão por hipótese. Não há preferência ou veto prévio.”
Procurado, o ex-ministro Aldo Rebelo não quis comentar o assunto, mas seus aliados também consideram “precoce” falar agora em lançar Barbosa.
Esquerda. O PSOL também precisa superar dificuldades para viabilizar a filiação e posterior candidatura do líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, o principal “outsider” da esquerda nas sondagens para a disputa eleitoral de 2018.
Boulos tem argumentado que precisa avaliar a conveniência da candidatura para o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, do qual é coordenador. O MTST negocia programas de moradia com administrações municipais e estaduais de diversos partidos e existe o temor de que uma candidatura atrapalhe o objetivo principal do movimento.
A opção pelo novo na disputa eleitoral, porém, é admitida pelos principais líderes políticos do País. Questionado sobre eventual candidatura de Huck à Presidência, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que é “muito bom” que pessoas de fora dos partidos queiram participar “mais ativamente” da política.
Para ele, a presença de Huck não “desidrataria” a candidatura do governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB).
Colaboraram J.F. e Gilberto Amendola
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