Murillo de Aragão, cientista político
- O Estado de S. Paulo.
1. A o que o sr. atribui esse possível recorde?
Não há uma única razão evidente para isso. Até porque, nos últimos anos, as circunstâncias políticas transformaram para pior, o mundo político está muito pressionado. Pode ser uma questão estrutural, que o movimento hoje favorece ainda mais os políticos tradicionais, os partidos maiores têm mais recursos. Por outro lado, existe uma vontade de renovação muito grande por parte da sociedade, a grande dúvida então é se essa taxa de recondução ao Congresso será alta.
2. O fato de os parlamentares estarem mais pressionados não pode ser incentivo para reeleição? Manter o foro privilegiado?
Na época do mensalão, eu via muito deputado com medo do Supremo, do Joaquim Barbosa (ministro relator do processo)e querendo ir para a primeira instância porque demoraria mais. Agora, tem isso do foro. Mas todo mundo que entra na política tem também ambição pelo poder, é natural.
3.O que explica os índices de 1998 e 2006 terem sido altos?
A reeleição do Fernando Henrique Cardoso pode ter estimulado uma recandidatura, porque ele tinha muito prestígio. Existia uma ampla base política: PFL (atual DEM), PSDB, PMDB. Eram os grandes protagonistas do momento. Em 2006, o prestígio de Lula também pode ter ajudado, mas a campanha foi um pouco melancólica, se comparada com a anterior. Tem que ver os cenários estaduais também. Se o governador é aliado, se vai concorrer com apoio dele, tem mais chances de se reeleger. O cálculo da recandidatura não é apenas submetido ao poder federal, mensalões, petrolões.
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