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- Folha de S. Paulo
De fato, é mais fácil bater no Michel Temer
“É fácil bater no Michel Temer.” A frase que o presidente decidiu levar à TV na sexta (20) soa como o slogan de sua resignação diante dos pífios índices de aprovação que ostenta. Essas palavras traduzem também –e com simplicidade– as principais causas da paralisia que se observa no Congresso e da lentidão da retomada da economia.
A impopularidade de Temer se sedimentou na entrada do ano eleitoral, dispersou ainda mais a base parlamentar do governo e praticamente eliminou as chances de avanço de pautas como a privatização da Eletrobras e a reforma tributária.
Na largada de uma campanha que será marcada pela rejeição à política tradicional, deputados e senadores preferem limitar seus pontos de contato com um presidente cuja imagem pode ser tóxica.
O principal símbolo dessa debandada foi o placar obtido pelo MDB na recente temporada de trocas partidárias. A sigla do presidente caiu de 65 deputados para 51 –maior redução entre as legendas da Câmara.
Sem apoio, o Planalto foi obrigado a absorver derrotas nas últimas semanas. Viu sua coalizão derrubar o veto ao refinanciamento de dívidas de microempresas, foi vencido por uma obstrução da base aliada na votação do cadastro positivo e ficou obrigado a colocar em marcha lenta a capitalização da Eletrobras.
Com o acúmulo de reveses, parlamentares zombavam de Temer ao dizer que ele só teria poder para governar por decreto –instrumento que, via de regra, dispensa aval do Congresso. Ainda assim, o texto que o presidente assinou para abrir estudos para a privatização da Eletrobras foi considerado um fracasso, pois fica condicionado à aprovação de uma lei na Câmara e no Senado.
Fragilizado, Temer terá dificuldades para provar que seu governo não terminou prematuramente. Será ainda mais difícil convencer o mundo político de que sua candidatura à reeleição é coisa séria. Em geral, o poder presidencial funciona como fator de atração, mas, de fato, é mais fácil bater no Michel Temer.
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