- O Dia
Precisamos renovar nossas forças todos os dias e nos próximo dias, pois existir é uma das nossas maiores ousadias para o fortalecimento das nossas resistências
É bem comum fazer um balanço, uma retrospectiva do ano que se encerra, a fim de avaliar, rever e refletir sobre os pontos positivos e não positivos do que vivemos ao longo dos ultimo 365 dias. Também é comum tentarmos fazer previsões sobre o ano que se inicia no 1º dia de janeiro.
Como religioso que sou, não sou afeito a fazer previsões futuras, pois as relações humanos são feitas de escolhas. Mas farei uma brevíssima reflexão sobre o ano que se encerrou e o que ele diz sobre o que acaba de começar. Bom, sem sombra de dúvidas, o ano de 2018 nos deixou uma sensação de 'deja vú' em âmbitos político e sociais. Déjà vu, é uma expressão de origem francesa, criada no século XVIII pelo parapsicólogo Émile Boirac, que pode ser entendida literalmente por "já visto". Mas aqui, vamos integralmente usar "já vivido".
E é justamente sobre esse sentimento, sensação de já termos vivido alguns fatos do passado que precisamos falar e nos expressar! Sim. Pois eles, os sentimentos e as sensações de 'já vivido', nos dizem sobre os momentos cíclicos de nossa história que volta e meia se depreendem do passado histórico e nos "assombram" com tons de realidade intolerantes.
Não quero aqui dar um tom pessimista para as nossas leituras, entretanto precisamos ponderar que o ano de 2018 já é um marco simbólico para a nossa sociedade. Em âmbitos políticos, o crescimento das sensações de impunidade e as descrenças na representação vêm conduzindo o país para um grande retrocesso, que incide diretamente nas relações sociais e nas redes que estabelecemos para a manutenção da nossa sociedade.
De Norte ao Sul do país, relações afetivas foram mediadas por escolhas políticas, os números dos casos de intolerância religiosa, de violência e homicídios contra mulheres, jovens negros, gays, travestis e transexuais vêm crescendo de forma alarmante sinalizando o risco de um fascismo direto, chancelado por meios democráticos e uma crescente ameaça aos Direitos Humanos.
Não podemos terminar 2018 olhando a noite, o céu, esperando por uma estrela cadente ou nos deixarmos envolver pelos espetáculos das luzes da passagem do ano. Precisamos renovar nossas forças todos os dias e nos próximo dias, pois existir é uma das nossas maiores ousadias para o fortalecimento das nossas resistências.
Por isso, vamos combinar de permanecer unidos, de mãos dadas, sem soltar umas das outras! Pois só assim conseguiremos manter acesa a chama viva das nossas lutas cotidianas.
Que venha o ano de 2019. Resistir, para nós verbo de existência!
Ivanir dos Santos é babalawo
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