Um
grupo de senadores apresenta hoje ao Supremo Tribunal Federal o pedido de
impeachment do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. O
documento, redigido pelos oposicionistas Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e
Alessandro Vieira (Cidadania-SE), afirma que Araújo cometeu crime de
responsabilidade ao dificultar, com sua atuação, a importação de vacinas para
prevenir a Covid-19.
Araújo
também teria dado razões para o afastamento ao hostilizar uma nação
estrangeira, no caso a China, e divulgar mentiras sobre a evolução da
pandemia de Covid-19 para a comunidade internacional. Por lei, só o STF pode
afastar do cargo um ministro de estado. Além de Rodrigues e Vieira, outros
senadores se comprometeram a subscrever o pedido, que circulou por WhatsApp no
fim da noite de ontem.
A iniciativa, que vinha sendo discutida ao longo da semana passada, ganhou força neste domingo, com os ataques públicos o chanceler fez à senadora Kátia Abreu (PP-TO), presidente da comissão de Relações Exteriores do Senado.
Num
tuíte, Araújo sugeriu que a senadora estaria trabalhando por sua saída do
ministério por ele não ter aceitado fazer "um gesto" em relação à
China, na disputa pela implantação da tecnologia 5G no Brasil. A senadora
disse que se reuniu com Araújo para falar sobre China, 5G e política ambiental,
mas negou as acusações do ministro, que segundo ela age de "forma
marginal" e com "explícita compulsão belicosa".
Além
do pedido de afastamento ao STF, senadores têm pressionado o presidente da
Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para trabalhar pela saída de Araújo. Depois dos
ataques a Katia Abreu, Pacheco sugeriu que Araújo quer "estabelecer uma
cortina de fumaça sobre coisas sérias que acontecem no
Brasil".
Líder
da oposição, Randolfe Rodrigues diz que os ataques de Araújo "rebaixam o
Senado". Rodrigues acha que eles podem abrir flanco para a instalação da
CPI da Covid que Pacheco vem tentando evitar. Além de Araújo, outro membro da
ala ideológica do governo, Felipe Martins, também entrou em conflito com o
Senado ao fazer um sinal típico de grupos supremacistas na sessão em que Araújo
depunha sobre a Covid-19.
Apesar do silêncio do presidente em torno do caso, nos bastidores a queda do chanceler é dada como certa. Entre os nomes citados nos círculos bolsonaristas para substituí-lo estão o secretário de Comunicação, almirante da ativa Flávio Rocha, que seria o preferido de Bolsonaro, e o embaixador em Washington, Nestor Foster, que tem a vantagem de ser um diplomata de carreira e é bem visto por alguns dos políticos ouvidos pelo presidente para a escolha.
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