RIO DE
JANEIRO - O
prefeito Eduardo Paes (DEM) anunciou na tarde desta segunda-feira (22) a suspensão
do atendimento presencial para todas as atividades econômicas, exceto as
essenciais. Durante dez dias, bares e restaurantes poderão funcionar apenas
para retirada no local e delivery.
As
novas medidas passarão a valer na próxima sexta-feira (26), quando deve ter
início o "superferiado"
de dez dias anunciado pelo governo do estado, que ainda precisa ser
aprovado pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
O
objetivo com as restrições é reduzir a transmissão do novo coronavírus, que
pressiona o sistema hospitalar da capital, com 93% dos leitos de UTI ocupados.
O
funcionamento presencial de escolas e creches também está suspenso. Fica
proibida ainda a abertura de museus, galerias, cinemas, teatros, boates, salões
de beleza e clubes. Nos shoppings, poderão funcionar apenas serviços
essenciais, como farmácias.
A permanência
nas praias continua proibida, estando liberadas somente atividades
físicas individuais. Como determinado no início do mês, também ainda está valendo
o toque de recolher que impede que as pessoas fiquem nas ruas das 23h às 5h.
O anúncio foi feito em conjunto com a prefeitura de Niterói (RJ). Paes não conseguiu entrar em acordo com o governador Cláudio Castro (PSC), aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), para a implementação de restrições comuns. Castro deve anunciar medidas menos duras no estado.
"Nenhum
de nós toma as decisões que tomamos hoje felizes, alegres ou por prazer.
Tomamos por absoluta necessidade e ouvindo muito a ciência", afirmou Paes
durante o anúncio à imprensa.
O
prefeito lamentou a falta de coesão com o governo do estado, afirmando que a
população tem mais dificuldade de respeitar as restrições quando as autoridades
passam mensagens conflitantes.
"O
ideal seria que a gente estivesse comunicando de maneira integrada medidas que
dessem clareza para a população. Infelizmente isso não foi possível. Ninguém
aqui é alarmista, deixa de se preocupar com economia, emprego, problemas
sociais", completou.
Mais
cedo nesta segunda-feira, Paes tornou público o conflito com o governador,
depois que Cláudio Castro afirmou ao portal G1 que o decreto estadual se
sobreporia ao municipal. "CastroFolia! A micareta do governador!
Definitivamente ele não entendeu nada do objetivo de certas medidas",
escreveu o prefeito no Twitter.
Há
dez dias, em entrevista à imprensa, o próprio governador reconheceu que os
municípios têm autonomia para adotar restrições mais duras que o estado, a
depender do cenário na rede de saúde da localidade.
Durante
o anúncio nesta segunda, Paes afirmou que adiou a publicação do decreto com as
novas restrições para tentar buscar consenso com Castro. "Queríamos
estabelecer uma coesão metropolitana, não queríamos ser os protagonistas desse
comando (...) Eu fico envergonhado de ter um cidadão vendo em casa o
noticiário, e eu dizendo uma coisa e outro dizendo outra."
Paes
também fez um apelo para que os cariocas não viajem durante o
"superferiado", ressaltando que o momento não é adequado para o
lazer.
"Quando
trazemos o feriado para a semana de restrições, não é para as pessoas terem
mais tempo de ir para bar, restaurante, shopping. É para aliviar a pressão no
comércio e segurar as pessoas", disse.
O anúncio das restrições acontece após recomendações dos comitês científicos de Rio e Niterói. O secretário municipal de saúde da capital, Daniel Soranz, afirmou que a cidade nunca teve tantas pessoas internadas por Covid-19 quanto hoje.
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