Folha de S. Paulo
Há meses sugeri focinheira, camisa de força
e jaula para ele. Agora é tarde
Há seis meses, escrevi
neste espaço que só havia uma maneira de parar Jair
Bolsonaro: neutralizando-o com uma focinheira, metendo-o numa camisa de
força e trancando-o numa jaula. Ciente do risco de cada uma dessas etapas
—poucos animais são tão perigosos quanto Bolsonaro—, sugeri o único plano que,
a meu ver, tornaria a operação segura e factível. Transcrevo:
Seria uma ação conjunta, tipo Swat ou Mossad, envolvendo várias equipes de elite, mestras em artes marciais, resistência e coerção. Uma das equipes se jogaria sobre Bolsonaro de surpresa, imobilizando-o pelo tempo suficiente para que outra lhe aplicasse a focinheira. A salvo das mordidas e cusparadas da besta-fera, as duas equipes, com a ajuda de uma terceira, o enfiariam numa camisa de força. Por fim, as três o arrastariam a uma jaula com grades eletrificadas.
Alguns leitores argumentaram que até
Bolsonaro tem direito a um processo justo, composto de indiciamento, denúncia,
oitiva de testemunhas, distribuição para a respectiva vara, pedido de licença
para arguição do preceito fundamental, aprovação de 2/3 da Câmara, parecer do
relator, recursos infringentes, leitura da ata da reunião de condomínio,
masturbação a céu aberto e outros trâmites obrigatórios da Justiça brasileira.
Concordei, mas observei que a expectativa de vida do brasileiro não é
suficiente para assistirmos à conclusão desse processo. Teremos todos morrido
antes.
Bem, minha sugestão não foi levada em conta
e chegamos ao que se viu em Brasília e São Paulo no 7 de Setembro —os rosnados
de Bolsonaro atingindo o auge do paroxismo. Em resposta, os homens com voz e
garras suficientes para contê-lo calçaram luvas e miaram.
O consolo é que, com sua incontrolável
índole hidrófoba, Bolsonaro afugenta os próprios aliados. A fera está cada vez
mais isolada. O que a fará recrudescer seu grau de bestialidade e a tornará
mais perigosa do que nunca.
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