Planalto quer evitar que ex-senadora atrapalhe acordo com base aliada e ganhe espaço como terceira via no Congresso
Roldão Arruda
O governo acompanha com preocupação e com perfil de zagueiro as movimentações da ex-ministra do Meio Ambiente e ex-candidata ao Planalto Marina Silva (PV) nas negociações da reforma do Código Florestal.
A meta é impedir que Marina Silva atrapalhe um acordo entre governo e sua base de apoio no Congresso, mas, sobretudo, impedir que ela ganhe espaço para viabilizar uma terceira via política, entre Dilma Rousseff e a oposição, de olho disputa ao Planalto em 2014.
A avaliação feita no governo é que Marina Silva não tem sabido lidar com o patrimônio de quase 20 milhões de votos que obteve no primeiro turno das eleições presidenciais do ano passado. E, por ora, esse é o melhor cenário previsto pelo governo.
Identificada, no lançamento de sua candidatura, com a tentativa de conciliar o desenvolvimento sustentável com a preservação do meio ambiente, Marina Silva chegou atrasada ao debate da reforma do Código Florestal, durante os meses em que o governo e o relator do projeto Aldo Rebelo (PC do B-SP) buscavam uma proposta de acordo para a votação.
O acordo estava avançado quando a ex-presidenciável reapareceu no debate do Código Florestal, com críticas à proposta, que pretende regularizar a situação da maioria das propriedades rurais do País, sem acabar com a exigência de manutenção ou recuperação da vegetação nativa às margens de rios, encostas íngremes e em uma parcela dos imóveis.
A aparição da ex-candidata à Presidência, ontem, na Câmara dos Deputados, envolvida em bate-boca com o deputado Aldo Rebelo teria ajudado pouco a construção de um acordo.
Abalos à imagem do relator, que foi chamado de "traidor" em plenário, não contribuem no embate entre ruralistas e ambientalistas.
A maior contribuição de Marina Silva na reforma do novo Código Florestal, por enquanto, é a carta que obteve da então candidata a presidente Dilma Rousseff no segundo turno das eleições de 2010.
No documento, Dilma se comprometeu em vetar mudanças na lei que representassem a redução das áreas de preservação permanente e de reserva legal.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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