sexta-feira, 13 de maio de 2011

Honda pode demitir 1.270 em São Paulo

Montadora japonesa enfrenta falta de peças por causa de terremoto. Empregados fazem greve

Lino Rodrigues

SÃO PAULO. A montadora japonesa Honda planeja demitir até 1.270 trabalhadores, a partir de junho, e reduzir 50% da produção de sua fábrica em Sumaré, no interior paulista. A informação foi dada ontem pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, após duas reuniões com diretores da companhia. Sindicalistas disseram que souberam da "readequação" na terça-feira, após um encontro entre representantes da matriz e da subsidiária brasileira. A decisão seria reflexo do terremoto que atingiu o Japão em 11 de março, afetando duramente a indústria. Em reação, metalúrgicos fizeram uma assembleia e anunciaram uma paralisação por tempo indeterminado.

- Se essa decisão for mantida, toda a cadeia produtiva estará comprometida, e trabalhadores de outras empresas de autopeças correm o risco de perder o emprego - disse Jair dos Santos, presidente do sindicato.

A entidade defende a redução da jornada de trabalho para cinco horas e meia e a extinção de um dos três turnos até que a produção de peças no Japão volte à normalidade. Segundo sindicalistas, a partir do dia 23, os funcionários da Honda em Sumaré vão entrar em licença remunerada por falta de peças. O retorno ao trabalho está previsto para 6 de junho, quando as encomendas deverão chegar à fábrica brasileira. A montadora estaria planejando fazer as demissões nesse período.

- Eles (a Honda) acham que é mais barato demitir agora e recontratar os trabalhadores em janeiro ou fevereiro - disse José Donizetti Ferreira, dirigente sindical e funcionário da montadora.

Procurada, a Honda garantiu que não tomou qualquer decisão formal em relação a demissões no Brasil. A montadora informou ainda que está em permanente contato com os sindicalistas para deixá-los a par de cada passo que vem tomando.

Se for confirmado, o corte atingirá 36,4% do total de empregados da Honda em Sumaré - são 3.487 metalúrgicos. Sindicalistas dizem que a montadora quer acabar com um dos três turnos de trabalho e adiar o lançamento de um modelo que estava previsto para 2012. A produção cairia de 600 para 320 carros por dia.

A Toyota, outra montadora japonesa, também está enfrentando dificuldades para fabricar veículos no Brasil e na Argentina por causa da falta de peças importadas da matriz. A produção do Corolla em Indaiatuba (SP) está suspensa desde a última sexta-feira. Porém, a companhia tem dito que o problema não deverá provocar demissões.

Em São José dos Pinhais, no Paraná, metalúrgicos da Volkswagen fizeram ontem uma nova assembleia e decidiram manter a greve iniciada há oito dias. Eles reivindicam R$12 mil a título de Participação nos Lucros e Resultados (PLR).

FONTE: O GLOBO

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