“De repente, como se brincássemos com dominós, as peças foram caindo uma após a outra e em questão de minutos o mundo ficou diferente. Da Praça Tahrir, no Cairo, a onda chegou a outros países árabes e depois, como num passe de mágica, às praças de Madrid e de várias cidades espanholas, com ressonâncias em Berlim, Paris, Roma, Viena, Bruxelas.
Como mágica não existe em política, algo ocorreu para que a mobilização decolasse. Os motivos imediatos são distintos, se compararmos os países árabes com a Espanha. No primeiro caso, protestava-se contra regimes autoritários e restrições à liberdade. No segundo, contra "tudo o que está aí", o desemprego, os políticos, a crise econômica, o cancelamento do futuro. São motivos distintos. O que os aproxima e cria a sensação de que tudo está conectado é a rapidez dos acontecimentos, a juventude dos participantes, a internet, o desejo de liberdade.”
Marco Aurélio Nogueira, professor titular de Teoria Política da UNESP. Os dominós virtuais e a democracia real. O Estado de S. Paulo, 28/5/2011.
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