Nada mais eloquente do que a entrevista do industrial Ivo Rosset na última quarta feira na Folha de São Paulo.
Para quem não conhece, Ivo Rosset é proprietário de um dos maiores grupos industriais na produção de tecidos, dono das marcas Valisère e da Cia. Marítima. Ivo passou a ser, a partir de um certo momento que não sei definir, nem sei por quê, um ardoroso petista, a ponto de se filiar ao Partido, e um entusiasta do presidente Lula. Assim como outros empresários, aderiu de corpo e alma às políticas dos governos do PT, na época, sem qualquer senso crítico. Agora, diante de problemas que se avolumam para o seu setor e para muitos outros, decidiu falar sobre o assunto de forma consistente mostrando os perigos do aprofundamento do nosso processo de desindustrialização.
Ivo alerta contra o fechamento de várias fábricas no Brasil diante da concorrência dos produtos chineses. Chega a vaticinar que cerca de 2,5 milhões de empregos, de um total de 8 milhões, podem desaparecer. Muitos industriais fecham suas fábricas e vão produzir na China ou em outros países que lhes permite maior competitividade. Cita inclusive a fábrica de carrocerias de ônibus, a Marcopolo – antes nacional, gaúcha, que agora produz fora do país e vende – exporta – para nós.
As razões não se limitam à mão de obra mais barata de outros países. Se relacionam também à nossa carga tributária, à moeda nacional supervalorizada, às taxas de juros internas e à outras aberrações como, por exemplo, a possibilidade de se importar produtos pelos portos de alguns Estados que incentivam a importação baixando o ICMS. Isto é, incentivam que os empregos sejam criados fora do país e que nós apenas importemos os produtos.
Ivo pergunta na entrevista: queremos ou não ser um país industrializado? Se não, vamos nos tornar um país de serviços ( e fornecedor de produtos primários, acrescento ) e vamos pagar um preço muito alto lá na frente. E, segundo ele, o governo está sem saber direito o que fazer.
Vou acrescentar a esse quadro desastroso as notícias correntes de que o Brasil está importando produtos asiáticos através de nossos vizinhos, utilizando as vantagens de nossos acordos comerciais com esses países vizinhos.
Eu já ouvi vários relatos de empresários, de diversos setores, na mesma direção. Mas talvez nenhum tão eloquente. Além do que, exposto por um neo petista, empresário que ajudou a transformar o Lula em um mito.
Será que, afinal, a ficha vai cair?
Alberto Goldmann, ex-deputado, ex- vice-governador de S. Paulo, no Blog, 21/7/2011
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