Segundo a revista "The Economist", o lulismo venceu o chavismo, que está em "declínio terminal". Apesar disso, Lula desertou de ideias, discursos e batalhas que o PT nasceu e cresceu combatendo. E, assim, ele perdeu uma outra guerra -pela ética. Dilma resgatou a responsabilidade.
A posse do esquerdista Ollanta Humala na Presidência do Peru, na próxima quinta, é mais um dado do isolamento do "chavismo", que encantou parte da América do Sul na década passada e entra em declínio justamente quando o venezuelano Hugo Chávez enfrenta uma nova frente, desta vez pela vida.
Humala se lançou candidato como chavista, mas já na campanha deu uma guinada para o lulismo. Quem assume não é o Humala anti-imperialista e anticapitalista. Vem aí o Humala moderado, determinado a aprofundar a inclusão social mas também a garantir a estabilidade econômica e a atrair investimentos privados. A ver.
É assim que a Venezuela vai se tornando uma ilha. A direita recupera espaços e a velha esquerda se acomoda e cede ao pragmatismo na região. Quando olharem em volta, Rafael Correa, do Equador, e Evo Morales, da Bolívia, vão descobrir que estão à deriva.
O projeto político e econômico de Lula venceu, sim, o de Chávez. Mas Lula usou o pretexto da governabilidade para se aproximar perigosamente, até alegremente, de oligarquias agonizantes, de conhecidos corruptos e das elites corruptoras. Empurrou a sujeira, como a dos Transportes, para a sucessora.
Tão diferentes, um democrático, outro autoritário, o lulismo e o chavismo se fundiram na complacência com desvios, comprovando que o discurso é um e, no poder, a prática é outra. Ambos se renderam à cultura de corrupção que se alastrou pelas Américas desde suas origens e não perdoou o Brasil.
Que a economia dê forças a Dilma para fazer o que Lula não teve coragem, ou vontade, de fazer.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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