PT evitará fazer críticas públicas ao Supremo; agenda política da presidente
será mais intensa
Valdo Cruz, Natuza Nery
BRASÍLIA - Em reunião com Dilma Rousseff e alguns de seus ministros, o
ex-presidente Lula fez seguidas reclamações dos ministros do Supremo Tribunal
Federal, acusou a corte de promover um julgamento político e conclamou aliados
a dar a "resposta" nas urnas.
O tema foi debatido em encontro anteontem em São Paulo para avaliar o quadro
eleitoral. Participaram os ministros Aloizio Mercadante (Educação), Gilberto
Carvalho (Secretaria-Geral) e Fernando Pimentel (Desenvolvimento), além de
Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência.
Segundo cálculos petistas, muito mais que críticas ao STF, o movimento mais
eficaz para tentar diluir o efeito negativo do julgamento é vencer nas urnas no
final do mês.
Por isso o resultado em São Paulo ganha peso ainda maior na avaliação de
Lula e Dilma. Lá, o adversário tucano José Serra entrou no segundo turno
explorando o escândalo. Reeditou a associação do candidato petista Fernando
Haddad com os réus condenados, entre eles o ex-ministro José Dirceu.
Por ora, a orientação é não aumentar o volume das críticas para não
contaminar a eleição. A presidente Dilma, aliás, continuará passando longe
desse debate para não trazer o escândalo para o colo do governo.
Uma outra decisão do encontro de anteontem foi não deixar que a liderança
revelada pelo Datafolha -47% para Haddad e 37% para Serra- desmobilize a
militância petista no segundo turno.
Lula e Dilma avaliaram que o PT teve um bom resultado no primeiro turno
apesar das críticas pelo mensalão.
Mas a presidente terá uma agenda política mais pesada no segundo turno. Irá
a São Paulo, possivelmente mais de uma vez, e a Salvador. Pretende desembarcar
em Manaus se a candidata Vanessa Grazziotin (PC do B) mostrar-se eleitoralmente
viável contra o tucano Arthur Virgílio.
Ontem, o ministro Gilberto Carvalho disse que "quem for inteligente não
vai tentar fazer isso [explorar o mensalão]. Se o fizer, a população tem muita
sabedoria para julgar e entender que o que vale é a prática de um projeto que
está mudando o Brasil".
Condenado nesta semana, o ex-ministro José Dirceu foi ainda mais explícito:
"Mais importante que discutir o julgamento é ganhar a eleição".
Fonte:
Folha de S. Paulo
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