• Petistas consideram já ter conseguido estancar crescimento da ex-senadora, que voltou a denunciar corrupção na Petrobras com PT
Júnia Gama, Fernanda Krakovics e Maria Lima – O Globo
BRASÍLIA - Debruçados sobre a mais recente pesquisa Ibope de intenção de voto, integrantes das campanhas dos três principais presidenciáveis começaram a traçar as estratégias que serão executadas nos 18 dias que faltam até a eleição de 5 de outubro. Enquanto Marina Silva (PSB) vai focar em rebater os ataques dos adversários e reforçar suas críticas a ambos, Dilma Rousseff (PT) deverá diminuir o ritmo da desconstrução da imagem da adversária para investir em pauta mais propositiva. Aécio Neves (PSDB), por sua vez, vai intensificar a agenda de viagens para se tornar mais conhecido e prosseguir nas críticas às duas candidatas mais bem colocadas na pesquisa.
A equipe de Aécio, o único a subir no levantamento, de 15% para 19%, comemorou o resultado e decidiu intensificar a presença do tucano em estados mais populosos, para tentar chegar ao segundo turno. Entre os formuladores da campanha do PSDB, a estratégia é manter as críticas à presidente Dilma e também focar na desconstrução de Marina, mostrando sua ligação histórica com o PT. A avaliação é que, após um período difícil, a estratégia deu certo.
Já o comitê de Marina, respirou aliviado com a queda de apenas um ponto - de 31% para 30% -, mas resolveu reforçar as contestações ao que considera uma campanha difamatória contra a candidata e apostar nas interpelações judiciais aos adversários para garantir respostas aos ataques. A ordem é focar na vacina contra os boatos de que Marina acabará com os programas sociais do atual governo.
Na campanha petista, com a queda de 3 pontos de Dilma, que agora tem 36% das intenções de voto, passou-se a defender que o partido comece a dosar os ataques a Marina na propaganda de televisão. A avaliação majoritária é que a estratégia de desconstrução da ex-senadora já cumpriu seu papel e é hora de voltar a dar mais espaço para programas propositivos.
Dilma tende a ser mais propositiva e atacar menos
BRASÍLIA - Após terem conseguido estancar o crescimento de Marina Silva nas pesquisas eleitorais, há quem defenda, na coordenação da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff, que se comece a dosar os ataques à adversária na propaganda de televisão. A avaliação é que a estratégia de desconstrução da ex-senadora já cumpriu seu papel.
Essa não seria a visão, no entanto, do marqueteiro João Santana. De acordo com participantes das reuniões de coordenação da campanha, Santana tem defendido a continuidade dos ataques, baseado em pesquisas qualitativas.
- Isso tem teto, tem limite. Tem que dosar, nem só mostrar obras do governo nem só atacar - disse um dos coordenadores da campanha.
Alguns coordenadores acreditam que, embora as investidas mais duras tenham efeito, há um limite para que elas não se voltem contra Dilma. Também há preocupação de guardar munição para o segundo turno.
- Normalmente você adia um pouco esse enfrentamento, deixa mais pra frente. Tivemos que antecipar e agora devemos manter um pouco em banho maria -disse um assessor do Planalto.
A queda da petista em três pontos percentuais, de 39% para 36%, foi encarada por integrantes do governo e do comitê eleitoral como uma oscilação normal.
- A presidente está na frente no primeiro turno e empatou no segundo. A campanha segue igual - disse um ministro.
Quanto ao crescimento de Aécio, os petistas afirmam que é preciso esperar mais uma ou duas pesquisas para ver se ele é consistente. Nessa reta final, a estratégia da campanha é investir nas cidades médias e grandes. A prioridade continua sendo São Paulo.
Foco de Marina é contestar acusações e reforçar críticas
BRASÍLIA - A campanha de Marina Silva respirou aliviada com o resultado da pesquisa Ibope divulgada na noite desta terça-feira, em que a candidata do PSB caiu um ponto, dentro da margem de erro, nas intenções de voto dos eleitores. A avaliação interna na cúpula socialista é que o resultado foi positivo pois havia uma expectativa de que a popularidade de Marina pudesse sofrer ainda mais com a campanha crítica feita por adversários pelo Brasil.
A ordem no comitê de Marina é focar na vacina contra boatos que estão sendo disseminados contra a candidata, reforçar as críticas aos dois principais opositores e investir em ações judiciais para assegurar espaços de resposta além do reduzido tempo de televisão a que o PSB tem direito no programa eleitoral. A estratégia visa manter Marina no páreo para chegar ao segundo turno, quando o tempo de televisão é dividido igualmente. O coordenador da campanha, Walter Feldman, contou ao GLOBO que, a cada oportunidade, as informações consideradas caluniosas serão desmentidas.
- Vamos trabalhar na linha da verdade contra a mentira, combater os boatos com os fatos da vida da Marina. O povo não gosta de carrascos - disse Feldman.
Feldman disse ainda que o comitê irá investir mais nas ações junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para contestar os adversários de Marina. Na terça-feira, o comitê do PSB conseguiu decisão favorável do TSE para tirar do ar o site Muda Mais, tocado por Franklin Martins.
- Vamos fazer uma ação dura e firme na área jurídica, derrubando esse instrumento antidemocrático que sabota a campanha. O estilo do PT é para deseducar a população - afirmou o coordenador.
Aliados de Aécio apostam que virada começou
BRASÍLIA - No curto voo que o levou de Aparecida do Norte a São Paulo, já na madrugada de ontem, após o debate da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, o candidato do PSDB a presidente, Aécio Neves, comemorou. Encerrava duas semanas infernais com duas notícias boas: a distância para Marina Silva nas pesquisas de intenção de votos começava a diminuir e, no debate, voltara a ter papel de protagonista entre os que lideram a disputa presidencial. Da boca de todos os aliados ouvia-se que começava a virada, e que a próxima pesquisa Datafolha já poderia mostrar ele e Marina "mais próximos, na mesma caixinha dos 20%".
Um dos parlamentares no voo, o líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (BA) disse que a ordem agora é "afundar o pé no acelerador" e intensificar a agenda de viagens para o tucano se tornar mais conhecido. Nos programas de TV, Aécio deve continuar batendo na presidente Dilma, mas também focar na desconstrução de Marina, mostrando sua ligação histórica com o PT. A coordenação da campanha acha que essa combinação tem dado certo.
Otimista, ao falar do "deserto" que vem atravessando desde que caiu o avião de Eduardo Campos, e Marina entrou na disputa, o candidato a vice na chapa de Aécio, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), disse que "já é possível vislumbrar algo mais que uma miragem no horizonte".
O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), afirmou que o clima é de muita animação e otimismo, porque foi um crescimento consistente de 4 pontos percentuais, diante da queda das adversárias. Avalia que quando há esse movimento na reta final, é um bom sinal de que Aécio pode ir, e bem, para o segundo turno.
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