• Candidata diz que corrupção na Petrobras é o maior caso da história do país; vice faz afago ao PMDB
Mariana Sanches, Renato Onofre e Juliana de Castro – O Globo
SÃO PAULO e RIO - A candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, voltou ontem a acusar a presidente Dilma Rousseff (PT) de fazer "marketing selvagem" contra sua candidatura e afirmou que "nunca na História do país" se viu um escândalo como o que ocorre hoje na Petrobras. As acusações foram feitas durante o primeiro "Face to Face" - debate ao vivo com internautas através de uma vídeo conferência. À noite, ela participou de um encontro no Rio com artistas, incluindo o ex-ministro da Cultura Gilberto Gil.
- Não vai mais ter indicação política como que foi feita pelo PMDB e outros partidos políticos, para colocar um diretor na Petrobras que transformou o mensalão em mensalinho. E agora temos o maior mensalão na História do país. Porque, nunca na História deste país, se viu um escândalo como este - afirmou Marina, em resposta ao questionamento da internauta Ananda Morais
Marina voltou a dizer que é vítima de ataques dos adversários:
- Os boatos vão se espalhando. É tanta coisa que isso já nem é mais uma pessoa, é um exterminador do futuro. Isso é marketing selvagem que, quando é levado ao extremo, como estão fazendo meus adversários, principalmente da presidente Dilma, não há como combater com argumentos. Porque ele não tem limite. Contra o marketing selvagem a única coisa que pode combatê-lo é o discernimento.
A candidata do PSB voltou ainda a falar que "ser gerente" não é qualificação necessária para ser presidente, em resposta direta a Dilma. Ela brincou com uma usuária, ao ser questionada se estava preparada para governar:
- Não sei se ela é casada ou solteira. Eu ia perguntar assim "o que é está completamente preparado para se casar?" - brincou Marina: -É claro que é completamente diferente (governar e casar). O preparo não é apenas de uma pessoa ou indivíduo. Qualquer pessoa que diz que pode governar apenas nas suas competências, está vendendo uma ilusão. O preparo de um governante é capacidade que ele tem de manejar diferentes competências.
"Não podemos nos curvar"
Depois de reiteradas declarações do ex-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos (morto em agosto) e de Marina, para quem o PMDB representa a chamada "velha política", o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), atual candidato a vice, estendeu a mão aos peemedebistas:
- Ninguém governa sem o PMDB, mas não é preciso entregar o governo para ter governabilidade. Se queremos fazer a mudança, não podemos nos curvar nem achar que será fácil - afirmou Albuquerque, em sabatina realizada ontem à tarde, no jornal "O Estado de S. Paulo".
A declaração acontece cinco dias depois de o vice-presidente da República, Michel Temer, que também é presidente nacional do PMDB, dizer que, a princípio, o partido será oposição em um eventual governo Marina. Isso despertou a discussão sobre a governabilidade de um eventual governo Marina.
- É possível e necessário dialogar com todo o Congresso, e não escolher seis ou sete para negociar e empoderar. Vamos criar um ambiente de respeito na política, valorizando todos os deputados, e não apenas poucos aliados - afirmou Albuquerque, para quem o apoio do governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) segundo turno é algo "consolidado". Alckmin, segundo as últimas pesquisas de intenção de voto, deve ser reeleger ainda no primeiro turno.
Albuquerque disse ainda que "a sociedade brasileira se cansou de corrupção, malfeitos, desequilíbrio" e acrescentou que, em um governo Marina, não haverá indicação meramente política para o comando de empresas públicas. Segundo ele, o currículo das pessoas é o que será levado em conta.
- Por que eu, no governo, tenho que perguntar para Renan Calheiros (presidente do Senado) quem devo indicar para ministérios ou para a Transpetro? Não que as indicações de partidos e lideranças sejam ruins. Mas tem que ter perfil. Fizemos isso em Pernambuco com Eduardo Campos e tivemos governabilidade - disse Albuquerque.
Questionado sobre uma possível redução dos encargos trabalhistas, tema tratado de maneira vaga por Marina recentemente, Albuquerque disse que isso não é o mais importante agora, e que fundamental será diminuir os gastos de governo.
O ex-deputado negou que tenha havido qualquer irregularidade no processo de empréstimo do jatinho Cessna Citation no qual Campos costumava viajar - e que caiu em Santos, em 13 de agosto, matando o então candidato à Presidência. Admitiu, no entanto, que o processo de obtenção de uma aeronave para os deslocamentos de campanha poderia ter sido feito de modo mais transparente:
- Talvez o melhor caminho tivesse sido uma ligação de táxi aéreo. Mas, quando você está em campanha, você acaba acreditando, como foi no caso do Eduardo. A gente andava no avião, há total boa fé nesse processo.
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