• Aluno de direito entrega bilhete no qual "agradece" petista pela construção do trem-bala
Patrícia Britto – Folha de S. Paulo
CAMPINAS (SP) - Eleitor de Dilma Rousseff em 2010, o estudante de direito Benedito Pereira Lima, 25, foi pego de surpresa com a visita da presidente a Campinas na quarta-feira (17).
Ficou sabendo pela manhã, quando foi tomar café em uma padaria e notou a movimentação de militantes.
"Disseram que era a Dilma. Então saí correndo para preparar meu protesto", disse o estudante, vendedor em uma loja de eletrodomésticos.
Quando retornou ao local do evento, conseguiu se aproximar da presidente, que desfilava em carro aberto.
Frente a frente, pediu para pegar na mão dela e a surpreendeu ao entregar uma folha de papel sulfite, em que ironizava: "Dilma, obrigado pelo trem-bala. #ficoulindo".
O governo Dilma adiou a licitação do trem-bala pela terceira vez em agosto de 2013, por tempo indeterminado. A justificativa oficial foi que dois consórcios haviam pedido o adiamento, e que a medida evitaria que apenas um grupo participasse do leilão.
Mas houve também, como a Folha apurou na ocasião, um componente político: o governo considerou que a proximidade da eleição era desfavorável, pois o atraso poderia ser usado como munição pela oposição.
"Tentei chegar o mais perto possível e, quando consegui, mostrei o papel. Ela ficou com uma cara de surpresa e virou a cara, mas pelo menos fiz a minha parte", disse Lima.
Na mesma hora, o ex-deputado Nivaldo Santana (PC do B), vice na chapa de Alexandre Padilha (PT), também segurou o papel, leu, e devolveu ao estudante.
"Devolvi porque era uma tentativa dele de mostrar que era opositor à presidente", disse o candidato à Folha.
O estudante então continuou seu protesto solitário, com gritos: "Dilma, cadê o trem-bala?".
"Eu era o único que estava protestando. Não tive medo de apanhar porque estava cheio de seguranças, e eu estava no meu direito de cidadão", afirmou Lima.
"Ela falou que ia entregar o trem-bala para a Copa, passando por Rio, Campinas e São Paulo. Eu já sabia que ela não ia conseguir", disse.
O estudante, que diz não ser filiado a nenhum partido, afirma que sua primeira opção neste ano seria Aécio Neves (PSDB). Mas, quando viu o avanço de Marina Silva (PSB) nas pesquisas, decidiu votar na ex-senadora.
O primeiro protesto dele contra a presidente foi em agosto de 2013, quando Dilma participou da entrega de moradias do Minha Casa, Minha Vida, em Campinas.
Na ocasião, mostrou um cartaz no qual estava escrito: "Dilma, apartamentos incompletos". Quando os assessores viram, ele foi afastado.
A assessoria da campanha petista não comentou o episódio. Para Nivaldo Santana, o estudante "era uma ovelha solitária, uma andorinha que não conseguiu fazer verão".
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