- Folha de S. Paulo
Que não se fazem mais CPIs como antigamente a gente já sabia, mas a CPI mista da Petrobras extrapolou nesta quarta-feira (17), ao se comportar como um circo dentro do Congresso Nacional.
Como o governo articulava, a oposição previa e o procurador geral da República sinalizou previamente, o tal Paulo Roberto Costa --que vem sendo chamado de Marcos Valério (o do mensalão) da Petrobras-- só abriu a boca para repetir o chavão da ditadura: "Nada a declarar".
O pretexto é legítimo: se ele contasse o que sabe fora da Justiça, do Ministério Público e da polícia, perderia o direito à delação premiada e a um abrandamento de pena.
Então, por que tanto empenho para levar o cara ao Congresso? Só se era para dar um passeio, já que tem tantos amigos por lá. Viajou num jatinho da Polícia Federal e escoltado por quatro agentes, circulou por Brasília num comboio policial, dormiu na cidade e volta hoje para a prisão em Curitiba, à custa do meu, do seu, do nosso rico dinheirinho.
Enquanto Paulo Roberto, de terno, gravata e bigode novinho em folha, passou três horas mudo, governistas e oposicionistas travavam um duelo de campanha. A coitada da Petrobras ficou pairando ali, ao léu, feita de gato e sapato por governos e agora por campanhas, desde que Lula criou duas ficções: a de que produzira o pré-sal nas profundezas do oceano e a de que os adversários iriam privatizar a companhia símbolo do país.
Na CPI, ou melhor, no circo, os governistas martelavam o título "Petrobrax", "prova" da intenção tucana de vender a empresa, enquanto a oposição chamava os novos escândalos de "mensalão 2".
Nada que esclareça como Paulo Roberto virou diretor, adquiriu tanta desenvoltura e amealhou cerca de R$ 50 milhões (considerando-se uma única conta no exterior). E amealhou para o quê? Ou para quem?
Se depender do Congresso e das CPIs, só saberemos depois das eleições. Ou não saberemos nunca.
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