Ao contrário do que muitos torcedores podem imaginar, a humilhante goleada por 7 a 1 sofrida pela seleção brasileira contra a Alemanha não foi o pior legado deixado pela Copa do Mundo realizada no Brasil, até porque é algo inerente ao jogo. A corrupção desenfreada no alto escalão da Fifa, com tentáculos desvendados em nosso país, mostra que o maior problema do futebol brasileiro extrapola as quatro linhas do gramado e atinge a cadeia de comando do esporte, transformada em uma organização inescrupulosa cujo intuito é enriquecer às custas da paixão nacional. O que antes era uma inefável corrupção de padrão internacional mediano exacerbou-se e, infelizmente, hoje o futebol parece imitar o governo brasileiro no “padrão Fifa” de ilegalidades.
As prisões efetuadas pela Justiça dos Estados Unidos, por meio do FBI, que levaram à cadeia importantes dirigentes da Fifa envolvidos em crimes como fraude, suborno e lavagem de dinheiro, revelaram ao mundo um megaesquema de corrupção com diversas ramificações. Os cartolas recebiam propinas e comissões de representantes de empresas de marketing esportivo durante a comercialização dos direitos de transmissão de diversos campeonatos. Entre os detidos, está o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, e tudo indica que há outros aguardando na fila de espera.
A escolha da Rússia e do Catar como sedes das Copas de 2018 e 2022, respectivamente, está no epicentro das investigações, pois há evidências de que os países foram indicados após o pagamento de milhões de dólares em propina. Isso nos remete, inevitavelmente, ao processo político que resultou na indicação do Brasil como palco do Mundial de 2014, com forte participação de Ricardo Teixeira, antecessor de Marin no comando da CBF, e Lula, então presidente da República. Vale lembrar que o petista sempre se jactou por sua atuação como “garoto-propaganda” em prol da postulação brasileira.
A partir do trabalho conduzido pelo FBI, é fundamental que as autoridades brasileiras investiguem a fundo tudo o que cercou a Copa do Mundo no Brasil. A CPI da CBF, que já conta com assinaturas suficientes para ser instalada no Congresso Nacional, terá um papel importante e, além da comissão parlamentar, o Ministério Público e a Polícia Federal devem entrar em campo para que o futebol brasileiro seja finalmente passado a limpo.
Antes do início da Copa, as oposições criticaram com veemência os gastos faraônicos do governo brasileiro para a construção dos novos estádios e as concessões à Fifa, que passou por cima da legislação em vigor e teve carta branca para atuar quase como um poder interventor no país. Na ocasião, os áulicos do lulopetismo desqualificaram os críticos, a quem acusavam de antipatriotas. O resultado está aí: um sofisticado esquema de corrupção, muito semelhante aos escândalos que marcaram os governos petistas nos últimos 12 anos.
Inebriada pelo inevitável clima de euforia durante a Copa, Dilma Rousseff se vangloriou por comandar um governo “padrão Fifa”, segundo suas próprias palavras. Pois o tempo fez justiça à presidente: ao menos no quesito corrupção, sua avaliação foi precisa, como comprovam as investigações da Operação Lava Jato e os desdobramentos do petrolão, o maior escândalo da história republicana.
Nos tempos de Lula e Dilma, para desgosto de todos aqueles que amam o Brasil e o futebol brasileiro, o país que um dia foi chamado de “pátria de chuteiras” se tornou uma imensa pátria de algemas. Sob o comando do PT, os brasileiros estão submetidos diariamente a uma acachapante derrota por 7 a 1, mas ainda é possível virar esse jogo. Afinal, não podemos deixar que roubem também a nossa maior paixão.
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Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS
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