• Ano eleitoral começa com principais partidos em desorganização
- O Estado de S. Paulo
Todo mundo grita, mas dificilmente alguém detém o monopólio da razão nos principais partidos – PT, PMDB e PSDB –, que iniciam o ano eleitoral com sérias dificuldades. Petistas por motivos óbvios, tucanos em função da disputa pela candidatura à Prefeitura de São Paulo e pemedebistas devido à briga entre governistas e oposicionistas pelo controle da legenda no âmbito nacional.
O PT é, de longe, o que enfrenta os maiores problemas: não se entende quanto às propostas de interesse do Planalto no Congresso, não encontrou uma estratégia eficaz para defender o ex-presidente Luiz Inácio da Silva das acusações que pesam contra ele e, em consequência, vem perdendo o único trunfo com que poderia contar nas eleições municipais.
O PMDB se engalfinha pela liderança na Câmara, enquanto seu presidente e vice-presidente da República, Michel Temer, administra uma crise de autoridade para manter o controle do partido na convenção marcada para março. Com uma dificuldade adicional: não pode mais se distanciar tanto do governo quanto gostariam seus correligionários, porque precisa se reaproximar de Dilma por causa do processo no TSE que julgará a impugnação da chapa eleita em 2014.
No PSDB, o mar tampouco está para peixe. A disputa pela candidatura à Prefeitura de São Paulo contrapõe Fernando Henrique Cardoso e José Serra ao governador Geraldo Alckmin, num esboço do cenário para a escolha do candidato a presidente em 2018. Aécio Neves assiste à distância.
A ausência geral de unidade poderia ser uma vantagem para o governo, se a presidente Dilma Rousseff não estivesse em situação tão fragilizada junto à opinião pública. Não sendo o caso, todas as forças políticas relevantes entram no ano eleitoral profunda e completamente desorganizadas.
Foi-se o tempo. O Ministério Público e a Polícia Federal nem sempre foram tão rigorosos como atualmente em relação ao ex-presidente Lula e companhia. Leia-se família, hoje alvo de investigações por suspeita de ocultação de patrimônio.
Em 2012, o MP e a PF concluíram pelo arquivamento do inquérito aberto sete anos antes para investigar o aporte de R$ 5 milhões da operadora de telefonia Telemar, atual Oi, na empresa Gamecorp de jogos eletrônicos de propriedade de Fábio Luiz da Silva. O problema não é a conclusão de que não houve irregularidade, mas o método de investigação. Não se ouviu ninguém no inquérito. Houve apenas pedidos por escrito, enviados à Gamecorp, ao BNDES e à Telemar, cujas negativas de ilícitos satisfizeram plenamente as autoridades. Sem outros questionamentos.
Diante desse tipo de procedimento, adotado em tempos de bonança política, não é de se estranhar a falta de cerimônia com que o ex-presidente aceitou benesses de empresas favorecidas em seu governo.
Memorial. O advogado Nilo Batista, criminalista contratado por Lula para reforçar a equipe de defesa, integrava a chamada “lista do bicho”, uma das peças do processo em que a juíza Denise Frossard condenou à prisão, em 1993, os até então imunes controladores do jogo ilegal no Rio de Janeiro.
Os nomes listados pelo bicheiro Castor de Andrade como destinatários de dinheiro foram divulgados pelo então procurador-geral de Justiça, Antonio Carlos Biscaia.
Na época, Nilo Batista justificou a presença de seu nome por ter sido intermediário de uma doação (US$ 40 mil) de Castor à ONG comandada pelo sociólogo Betinho, que logo depois reconheceu ter sido “um erro” ter aceitado o dinheiro.
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