Folha de S. Paulo
O procurador Rodrigo Janot concluiu que os milhões desviados da Petrobras foram usados para comprar apoio político e partidário. "Os fatos e delitos já apurados demonstram que a sociedade brasileira tem diante de si uma grave afronta à ordem constitucional e republicana", afirmou, em manifestação ao Supremo Tribunal Federal.
"O uso de apoio político deixou de ser empenhado em razão de propostas ou programas de partido. As coalizões deixaram de ocorrer em razão de afinidades políticas e passaram a ser definidas em razão do pagamento de somas desviadas da sociedade", acrescentou o procurador.
Janot não deu nomes aos bois, mas as investigações da Lava Jato estão concentradas em desvios cometidos durante os governos Lula e Dilma. Os partidos com mais políticos sob suspeita são PP, PMDB e PT, que integraram as coalizões oficiais.
O parecer foi uma resposta a recurso do ex-ministro Antonio Palocci, mas indica o que vem pela frente. Ao denunciar as dezenas de políticos que já respondem a inquéritos no Supremo, Janot deverá apontar a existência de uma quadrilha destinada a comprar apoio político.
Em 2005, o ex-deputado Roberto Jefferson explicou o funcionamento desse tipo de esquema. "É mais barato pagar o exército mercenário do que dividir o poder. É mais fácil alugar um deputado do que discutir um projeto de governo", disse. Ele se referia ao mensalão, não ao petrolão.
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Há duas semanas, Geraldo Alckmin foi questionado sobre o caso do tríplex. Respondeu em tom condenatório: "Lula é o retrato do PT, partido envolvido em corrupção". Na sexta-feira, perguntaram se ele acredita na defesa do tucano Fernando Capez, acusado no escândalo da máfia da merenda. "Acredito. É um promotor público, tem uma história", disse.
Para o governador, o princípio da presunção de inocência só se aplica aos aliados.
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