• Pecuarista teria cobrado por demora na obra e trocado de empreiteira para reforma
Simone Iglesias – O Globo
BRASÍLIA - O depoimento de um engenheiro reforça a ligação do pecuarista José Carlos Bumlai com a reforma do sítio frequentado pelo ex-presidente Lula, em Atibaia, no interior de São Paulo. Emerson Cardoso Leite prestou ao Ministério Público paulista. A Polícia Federal e o MP investigam a relação de Lula com a propriedade. A revelação foi feita pelo Jornal Nacional.
Leite afirmou ao MP que intermediou a contratação do arquiteto Igenes Neto, que tocou a reforma do sítio. Os dois contaram aos investigadores que Bumlai, amigo de Lula que está preso e é investigado pela Operação Lava-Jato, pressionou para que a obra ficasse pronta antes do Natal de 2011.
O sítio passou por uma reforma no fim de 2011, e a suspeita dos investigadores é de que a obra tenha sido paga por duas construtoras envolvidas no escândalo de corrupção da Petrobras, e pelo pecuarista.
Bumlai teria sido agressivo
Leite contou ao MP que recebeu uma ligação de José Carlos Bumlai solicitando que ele indicasse um profissional para execução de uma reforma em um sítio em Atibaia. O engenheiro disse que, como não mexia com reforma de casa, pediu a um outro colega de trabalho, o também engenheiro Rômulo Dinalli, para que contratasse um arquiteto. O profissional que acabou assumindo os trabalhos no sítio foi o arquiteto Igenes Neto.
Neto confirmou a versão e disse que não teve contato com nenhum proprietário do sítio. E que não sabia quem utilizava o lugar. Leite contou ainda que “José Carlos Bumlai ligou agressivamente reclamando que a obra não progredia". E que, em seguida, “Bumlai resolveu mudar a construtora que trabalhava no local".
Já o engenheiro disse que “tem quase certeza, por conta de informações do próprio Bumlai, que quem tocaria a reforma seria a construtora OAS".
O Instituto Lula afirmou ao JN que “mais uma vez a privacidade da família do ex-presidente foi violentada, na tentativa sistemática de associá-lo a processos em que ele não é investigado, nem sequer nomeado".
Sobre o depoimento do engenheiro, o Instituto Lula disse que não se responsabiliza por boatos disseminados por alguns órgãos de imprensa. A defesa de Bumlai também não vai se manifestar porque não conhece o depoimento citado. A reportagem não conseguiu contato com o diretor da OAS, Paulo Gordilho, apontado como comprador de móveis para o sítio, e nem com a construtora.
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