• Estimativa após promulgação de emenda é que 50 migrem de legenda
Isabel Braga / Maria Lima – O Globo
BRASÍLIA - A promulgação, prometida para a próxima quinta-feira, da emenda constitucional que cria a chamada “janela da infidelidade”, liberando o troca-troca partidário sem perda de mandato por 30 dias, vai provocar uma intensa movimentação no Congresso Nacional, assembleias legislativas e câmaras de vereadores. No caso dos deputados federais, eleitos há apenas um ano e meio, as estimativas no Congresso são de que cerca de 10%, ou seja, 50 deles, podem deixar suas legendas por outros partidos.
Dirigentes das principais legendas acreditam que os recém-criados PMB e PROS podem ser os principais atingidos, mas admitem que as mudanças devem atingir muitos partidos — com perdas e ganhos.
De olho nas movimentações, várias legendas escalaram parlamentares para ficarem como responsáveis por tentar convencer deputados a engordarem suas bancadas na Câmara e evitar as debandadas. Há também uma preocupação em fortalecer as legendas para a disputa municipal deste ano. A oposição, certa de que poderá capitalizar a insatisfação de deputados de bancadas governistas diante da crise política, aposta no aumento de suas bancadas. O governo, por sua vez, acompanha atento as mudanças que poderão afetar sua base aliada e, segundo deputados, tem estimulado que a migração se dê para outros partidos aliados, especialmente o PDT e PSD.
Criado em 2015, o PMB (Partido da Mulher Brasileira) alcançou uma bancada de 20 deputados. Muitos deles se filiaram na nova legenda para não perder os mandatos com a troca, diante da demora na votação da PEC da janela. Mas, com a janela, estariam optando por legendas mais fortes.
— Quando entraram para o PMB, em momento algum os deputados falaram que iriam sair. Se saírem, não podemos fazer nada — afirma a presidente nacional da legenda, Suêd Aidar.
No PROS (Partido Republicano da Ordem Social), a debandada pode acontecer por incompatibilidade de deputados com a direção nacional. Muitos deles não escondem a insatisfação. Em conversas com parlamentares, o próprio líder da bancada, Givaldo Carimbão (AL), admitiu que muitos devem sair.
A maioria dos partidos evita citar os nomes dos que podem mudar de partido. No DEM, o trabalho de convencimento é liderado pelo ex-líder Mendonça Filho (PE).
— Estamos num regime de mutirão em busca de novos quadros. O DEM começa a recuperar o espaço perdido por conta da hegemonia do lulopetismo, que agora afunda. O deputado Juscelino Filho (PMB-MA) já participa das nossas reuniões de bancada e com outros cinco deputados as conversas estão bem adiantadas — afirma Mendonça Filho.
O PSB investe na conversa com dissidentes:
— O PSB terá um balanço positivo. Hoje temos 34 deputados, poderemos perder um ou dois por problemas locais, mas vamos ganhar mais. Nossa meta é chegar a 40 deputados — afirmou o vice-presidente nacional do PSB, Beto Albuquerque.
Muitos congressistas apostam também que o PT será um dos partidos mais prejudicados com a janela, por conta do desgaste político do governo. O líder da bancada na Câmara, Afonso Florence (BA), porém, não acredita.
— Já houve saídas. Muita gente está jogando mau agouro para cima do PT, existe um ataque político eleitoral muito forte, mas petista histórico convive com isso —, disse.
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