sexta-feira, 8 de abril de 2016

Para oposição, delação de empreiteiro torna situação de Dilma insustentável

• Líder tucano propõe que revelação seja anexada à ação no TSE

Maria Lima, Cristiane Jungblut - O Globo

A oposição considerou a revelação da delação premiada de diretores da Andrade Gutierrez como mais um elemento para agilizar a votação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. 

O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), disse que as revelações terão impacto na votação na Câmara. E propôs que o conteúdo da delação — que cita doação de dinheiro de propina nas campanhas de Dilma em 2010 e 2014 — seja anexado ao processo de impugnação do mandato presidencial que já tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

— Isso fortalece o impeachment e fragiliza a presidente Dilma. Ela não tem mais condições de governar, perdeu as condições morais. É um rosário de crimes. Ela tem se defendido do impeachment praticando crime de responsabilidade com os eventos no Planalto, a entrega escancarada de cargos, o desvio de função para preencher ministérios para angariar apoios. Esses fatos todos são crimes de responsabilidade. Ao se defender das acusações, ela comete um crime continuado. É o crime permanente — disse Cunha Lima.

O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), disse que se tornou inviável Dilma se manter no poder após as denúncias da Andrade Gutierrez, que deverão ser analisadas pelo TSE e pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

— Isso realmente torna a presidente interditada de exercitar seu mandato. A chapa se torna inviável, do ponto de vista de ela continuar exercendo o mandato. E deve haver a continuidade desse processo na Justiça para que a presidente também seja responsabilizada por utilizar a máquina do governo para contribuição em sua campanha eleitoral — disse Caiado.

Cunha Lima reagiu ao que chamou de tentativa do PT de tentar misturar doação legal com doação “fruto de extorsão” de empresas que têm contrato no governo.

— Vale a pena lembrar a conversa do senador Lindbergh com o ex-presidente Lula, quando ele disse que ia partir para cima do senador Aécio (Neves, presidente do PSDB). Está cumprindo a promessa tentando fazer essa mistura de doação legal ao PSDB com a extorsão. Há muito tempo estamos dizendo que é preciso distinguir doação legal do que é extorsão disfarçada de doação eleitoral. A delação da Andrade Gutierrez revela que as empresas foram extorquidas sob ameaça de ter contratos suspensos — disse Cunha Lima.

Aécio não se manifesta
Procurado, Aécio não quis se manifestar. Mas a direção nacional do PSDB divulgou nota rebatendo acusações de lideranças do PT de que a origem de doações feitas ao partido e a campanha de Dilma em 2010 e 2014 é a mesma. A nota diz também que é falsa a afirmação feita pelo governo de que o Grupo Andrade Gutierrez teria feito, nas últimas eleições presidenciais, um volume maior de doações ao PSDB, em comparação com as recebidas pelo PT. Para os tucanos, o fundamental é destacar não o volume de doações oficiais, mas a forma e as motivações das que foram feitas ao PT.

“São vários os relatos e evidências que apontam para pagamentos de caixa dois e para doações, oficiais ou não, obtidas através de ameaças de ruptura de contratos com o governo que, se confirmados, beiram a chantagem e a extorsão. É lamentável que o PT tenha chegado ao ponto de, incapaz de apresentar explicações à sociedade ou de assumir a responsabilidade pelos seus atos, limitar sua defesa a lançar falsas suspeitas sobre a oposição. Essa é a vergonhosa estratégia do PT: continuar enganando a população, dessa vez, tentando convencer as pessoas de que todos os partidos são iguais. Não são”, diz a nota.

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