sábado, 14 de julho de 2018

Flávio Rocha, do PRB, desiste do Planalto

Após anúncio, partido encaminha apoio ao tucano Geraldo Alckmin

Gustavo Schmitt e Luís Lima | O Globo

O empresário Flávio Rocha (PRB) anunciou ontem que está fora da disputa à Presidência. Dono da rede de lojas de varejo Riachuelo, Rocha disse que preferiu liberar o partido para tomar seu rumo diante do que ele chamou de “luta quixotesca” que vinha travando em sua campanha.

— Jogamos a toalha, fizemos a nossa parte, lutamos o combate e estamos orgulhosos do que fizemos. Mas chega uma hora que a luta fica quixotesca. Liberamos o partido para tomar seus rumos — disse Rocha ao GLOBO.

Segundo nota assinada pela direção do partido, agora PRB e Flávio Rocha vão abrir “espaço para o diálogo” com o campo de centro. Conforme adiantou o GLOBO, o partido, que faz parte do “blocão”, busca uma candidatura de centro-direita e está preocupado com a ascensão dos pré-candidatos Ciro Gomes (PDT) e Jair Bolsonaro (PSL). A legenda está praticamente fechada com o tucano Geraldo Alckmin.

Ontem à noite, o presidente da PRB, Marcos Pereira, esteve ao lado de Geraldo Alckmin, em evento da igreja Sara Nossa Terra, em São Paulo. Alckmin foi apresentado no evento como “presidente” pelo bispo Robson Rodovalho, líder da igreja.

Ao anunciar a retirada da pré-candidatura de Flávio Rocha, o partido avisou que iria abrir espaço para o diálogo com o campo de centro. “Há um entendimento claro de que o país não pode flertar com os extremos e, por isso, mais do que nunca durante todo o processo, é fundamental que as forças de centro se unam num único projeto”, diz a nota.

Fora da disputa eleitoral, Rocha diz que retomará o trabalho à frente da Riachuelo, onde presidirá o conselho de administração, e, em paralelo, retomará as atividades de sua plataforma política, o Brasil 200, que defende um Estado liberal na economia e conservador nos costumes.

Horas após anunciar a desistência de sua pré-candidatura, ele disse que não se arrepende de nada, que não será vice de ninguém, pois nenhum candidato é capaz de “reconciliar o país". Também não indicou quem poderá apoiar a partir de agora:

— Estou em dia com a minha consciência, acho que não me arrependo nem um minuto. Não conseguiria conviver com a sensação de que poderia ter feito algo e não fiz — disse.

Sua atuação política será por meio da retomada das atividades do Brasil 200, que terá uma sede na capital paulista em formato de uma think tank, uma espécie de “fábrica de ideias”.

— A luta continua, mas em outro formato.

Lideranças do PRB devem participar de um almoço hoje com representantes do bloco de partidos do “blocão”, que tentam chegar a um consenso para apoiar um único pré-candidato ao Planalto. No encontro, são esperados Rodrigo Maia (DEM), Paulinho da Força (SD), Ciro Nogueira (PP) e Marcos Pereira (PRB).

Em janeiro deste ano, o empresário havia lançado uma plataforma política que defendia um Estado liberal na economia e tradicional nos costumes.

Chancelado pelo Movimento Brasil Livre (MBL), Rocha passou os três primeiros meses do ano ensaiando uma pré-candidatura, em viagens pelo país. O projeto tomou corpo após sua filiação ao PRB, em 27 de março.

Sem decolar nas pesquisas de intenção de voto, no entanto, Rocha estacionou em 1%, e viu seu projeto eleitoral tornar-se inviável. Isso motivou a decisão conjunta com Marcos Pereira, presidente da legenda, de abandonar a pré-candidatura para facilitar um consenso entre o PRB e outras legendas de centro-direita em torno de um nome mais competitivo.

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