sábado, 14 de julho de 2018

Ricardo Noblat: Aliança com Deus e o Diabo para ganhar

- Blog do Noblat | Veja

A culpa é de quem? É nossa em grande parte

Foi Dilma quem disse, pouco antes de se reeleger presidente em 2014, que para ganhar seria capaz de fazer aliança com Deus e o Diabo ao mesmo tempo. Apanhou muito por ter dito isso.

A receita de Dilma foi herdada por ela dos políticos mais remotos, e de todas as partes. Não é como a jabuticaba, uma invenção nacional. Foi compartilhada por Dilma com seus adversários. E segue valendo.

Jair Bolsonaro, líder das pesquisas de intenção de voto para suceder Michel Temer, se oferece como o candidato que é contra tudo isso que aí está, mas procura tudo isso que está aí para vencer.

Em visita, ontem, a Marabá, justificou assim o possível acordo a ser fechado com o clã dos Barbalho no Pará: “Se o nosso foco é a cadeira presidencial, paciência. Só não faremos pacto com o Diabo”.

O clã dos Barbalho, do patriarca Jáder, que já foi preso, do filho Hélder, ex-ministro de Temer e candidato ao governo do Estado, é o Diabo em figura de gente no Pará. Mas como o foco é a cadeira…

Com foco nela, Ciro Gomes pediu para participar da reunião marcada para hoje em São Paulo por líderes de alguns dos partidos mais conservadores com representação no Congresso.

Pretende convencê-los a apoiá-lo. Do mesmo modo que tentou sem êxito até agora convencer o PT a dar-lhe seus votos. Às favas todos os escrúpulos quando o objetivo é alcançar o poder. Paciência…

Os candidatos cobram dos eleitores paciência. E que compreendam que o que eles dizem ou fazem em campanha não deve ser levado a sério. Pedem um voto de confiança. Um cheque em branco.

Antes do estouro do escândalo do mensalão do PT, Lula presidente disse que a Roberto Jefferson, presidente do PTB, daria um cheque em branco, de tanto que ele era um político confiável.

Depois chorou quando Jefferson lhe contou que o PT pagava mensalão a deputados em troca dos seus votos. Chorou e nada fez. Mais tarde, Jefferson denunciou o mensalão e Lula quase caiu.

Não sem razão, os políticos apostam na indiferença e na cumplicidade de grande fatia dos eleitores adepta da ideologia de que o que vale é extrair vantagem de tudo. E acabam se dando bem.

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