segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Leandro Colon: As consequências do imponderável

- Folha de S. Paulo

Hipótese mais plausível do pós-atentado aponta para fortalecimento da polarização entre bolsonaristas e petistas

Sobram teorias políticas sobre as consequências eleitorais do atentado cometido contra o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL).

A primeira delas é a queda da alta rejeição do deputado e um crescimento considerável a seu favor nas pesquisas estimuladas. É um cenário que, se for confirmado, o colocará facilmente no segundo turno.

Aliados e familiares de Bolsonaro ousam em apostar em uma vitória dele já no primeiro turno —algo bem improvável diante da fragmentação competitiva entre os demais nomes, sobretudo em relação aos que atuam no campo de esquerda.

A outra teoria diz que a repugnante facada em Bolsonaro atrapalhou os planos de Geraldo Alckmin (PSDB) de mirar na desconstrução do capitão reformado para conquistar parcela de seu eleitorado e, assim, ter chances de não ficar pelo caminho.

O primeiro movimento do tucano foi deixar de lado os ataques ao candidato do PSL, repudiar a agressão a faca, e adotar um tom de conciliação política. Se dará certo, é outra história. Alckmin não sabe como lidar com Bolsonaro, que antes do ocorrido na quinta-feira (6) vinha apresentando sinais de um piso consistente, nem como brigar com os outros candidatos pela vaga no segundo turno contra o deputado do PSL.

Uma hipótese —a mais plausível— do pós-atentado aponta para fortalecimento da polarização entre bolsonaristas e petistas. Prestes a assumir a vaga de titular do PT à Presidência, Fernando Haddad pode herdar a maior parte dos que dizem votar no ex-presidente Lula. Um fluxo de votos não necessariamente imediato e que deve seguir uma lógica de transferência mais visível nas duas últimas semanas de campanha.

Fato é que os rumos de cada cenário acima dependerão dos capítulos da novela de quatro semanas que resta até o dia do primeiro turno.

É natural a reação instantânea do eleitorado a um episódio sério, grave e de impacto como o de Juiz de Fora. Assim como o debate político tende a retornar à normalidade passada a comoção inicial com o atentado.

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