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Ele e Lula lutam para ser lembrados
Se o PT pode apresentar Lula como mártir de um Brasil que queria ser feliz de novo, por que o PSL não pode fazer o mesmo com Jair Bolsonaro, mártir de um Brasil que suplica por ordem e segurança?
No caso de Bolsonaro, tanto mais, acreditam seus filhos candidatos a deputado e a senador que dependem dele para se eleger, e uma legião de outros candidatos país a fora.
No martírio de Bolsonaro tem sangue explícito e perigo de morte, tudo filmado à luz do dia. No de Lula, desespero pessoal e isolamento em uma cela à prova de holofotes.
O processo de construção de Lula mártir dura meses e foi concebido nos seus mínimos detalhes. O de Bolsonaro mártir, só teve início quando ele deu entrada no hospital de Juiz de Fora.
É recente, portanto, ainda engatinha e está sujeito à improvisação. A primeira peça foi o vídeo da roda de orações ao pé do leito de Bolsonaro mal ele acabara de ser operado.
A segunda peça, a foto de Bolsonaro em uma cadeira do hospital Alberto Einstein, em São Paulo, simulando o gesto de quem atira com uma arma, sua marca registrada.
A terceira, de péssimo gosto, foi a fotografia tirada pelo senador Magno Malta, do Espírito Santo, que mostra parte do corpo nu de Bolsonaro com todas as marcas da cirurgia.
A peça que deverá se tornar o ícone da campanha do candidato daqui para frente é a recriação da camisa suja de sangue usada por Bolsonaro na hora em que foi esfaqueado. É a mais preciosa.
Cada um ao seu modo, Lula e Bolsonaro esperneiam na maca para não serem esquecidos – Lula da cela, Bolsonaro do leito. Sem dúvida que não serão, embora por razões diferentes.
Alckmin e a hora do desespero
É tudo ou nada para Geraldo Alckmin, candidato do PSDB a presidente da República. Improvável que lhe traga boas novas a pesquisa de intenção de votos do Datafolha que começou a ser aplicada há pouco e cujos resultados serão revelados logo mais à noite pelo Jornal Nacional, da Rede Globo.
Para vencer ou ser derrotado mais rápido, Alckmin só terá um caminho daqui para frente: desconstruir a imagem positiva de Jair Bolsonaro junto a um expressivo contingente de eleitores. Sem tomar votos de Bolsonaro, Alckmin não irá a lugar algum. Morrerá na praia mesmo com a maré baixa.
Há muitos meios e modos de tentar isso, mas nenhuma garantia de que dará certo. Quase 80% do total de eleitores de Bolsonaro renovam sua determinação de não trocar de lado. O tempo de Alckmin ficou curto. Se até o fim desta semana ele não decolar, seus aliados políticos o abandonarão sem piedade.
Parte deles irá para o colo ainda machucado de Bolsonaro, pule de dez para o segundo turno. Parte para o colo desocupado de Ciro Gomes (PDT). O colo de Marina Silva (REDE) está destinado a acolher órfãos da candidatura de Lula e descrentes na candidatura de Fernando Haddad (PT), o poste que ainda não acendeu.
Nas eleições de 2014, Dilma Rousseff e Aécio Neves foram bem-sucedidos na tarefa de abater Marina mal ela alçara voo nas pesquisas de intenção de voto logo após a queda do avião que matou o candidato a presidente da República Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco.
A princípio, será solitária a tarefa de Alckmin de atirar pesado contra Bolsonaro. Ciro e Marina carecem de tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão para procederem da mesma forma. E Bolsonaro, por questão de saúde e também de desinteresse, ficará de fora dos próximos debates entre os candidatos.
Vida dura que segue para Alckmin.
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