Em relação às perspectivas para a economia internacional, clima no fórum foi até de pessimismo
Em contraste com a visão construtiva quanto às perspectivas para a economia internacional no ano passado, desta vez o clima no Fórum Econômico Mundial, em Davos, foi de cautela e até pessimismo.
A própria agenda do evento favoreceu abordagens pouco alvissareiras, pois trouxe temas como globalização e o impacto da revolução digital, com foco na tendência de aumento das desigualdades, no florescimento do populismo e nos riscos cada vez mais prementes ao meio ambiente.
Não bastassem essas ameaças de natureza estrutural, há desafios crescentes no curto prazo, como apontou o FMI em sua última revisão do cenário para 2019 e 2020.
Observando que a economia mundial desacelera, a instituição cortou as projeções de crescimento, passando de 3,7% para 3,5% em 2019 e de 3,7% para 3,6% em 2020.
São mudanças mínimas, mas existe o risco de uma recaída recessiva, agravado pelos conflitos comerciais entre Estados Unidos e China, para nada dizer de outras tensões geopolíticas.
Nos EUA, embora a economia pareça saudável, com desemprego baixo e bom dinamismo empresarial, há uma combinação de problemas em formação.
Ao que tudo indica, esgota-se o impulso proporcionado pelos cortes de impostos, e o cenário de juros mais altos e crédito mais escasso sugere crescimento menor adiante. Não por acaso, o Fed, banco central americano, já mudou sua conduta e indicou uma pausa nas altas das taxas neste ano.
Na China, a situação se mostra ainda mais complexa. O PIB cresceu 6,6% em 2018, uma cifra invejável, mas que representa o menor índice desde 2008, no auge da crise financeira. Para este ano, o FMI projeta 6,2%, desde que as autoridades reforcem estímulos, como corte de juros e de impostos.
Como o endividamento chinês já é dos mais altos do mundo, torna-se cada vez mais difícil fomentar a expansão da economia sem gerar mais desequilíbrios.
Nesse contexto, o Brasil até fez boa figura. O FMI elevou em 0,1 ponto percentual a projeção para o crescimento brasileiro em 2019, que agora atinge 2,5%.
Tudo dependerá, naturalmente, da realização de reformas, sobretudo a da Previdência, de modo a estabilizar o endividamento público —reformas cuja aprovação, por sua vez, agora dependem do grau de contágio da crise política produzida pelo filho do presidente.
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