Radicais começam a se impor, e isso cria dificuldades políticas adicionais à reforma
O governo Bolsonaro está no meio de um conflito de grupos que disputam espaço no Planalto, o que não é uma novidade no país. Mesmo em governos da ditadura militar houve fissuras, como a clássica, que acompanha a História do Brasil, entre “desenvolvimentistas”( Rui Barbosa, Reis Velloso, Severo Gomes) e “estabilizadores” (Joaquim Murtinho, Eugênio Gudin, Simonsen).
Mas não há registro, ao menos em passado recente, de choques em que filhos do presidente se envolvem aponto de criticarem o próprio vice-presidente, Hamilton Mourão. O novo alvo é o ministro Santos Cruz, da Secretaria de Governo. Carlos, Eduardo e Flávio são vereador, deputado federal e senador. Têm alguma institucionalidade, mas não podem se esquecer de que são filhos do presidente.
Este núcleo familiar e seus aliados, como o ideólogo Olavo de Carvalho, fazem indicações de radicais de direita para postos-chave, como o ministro da Educação e das Relações Exteriores, que terminam condicionando de forma negativa políticas estratégicas de governo.
Na campanha, o presidente expôs traços fortes de conservadorismo, o que deve ter atraído parte dos eleitores. Não todos. Mas afloram, e cada vez mais, preconceitos, compreensíveis em qualquer pessoa, mas preocupantes quando ameaçam se transformar em práticas do governo de um país com mais de 200 milhões de habitantes, diversificado e urbano.
A interferência pessoal do presidente no veto a um filme de propaganda do Banco do Brasil que simbolizava a diversidade na juventude —brancos, negros, homossexuais, héteros, cabelos compridos, coloridos etc. — entrou em uma zona perigosa.
Depois, em boa hora, foi alertado de que a Lei das Estatais impede a interferência do governante de turno em decisões de empresas públicas de economia mista. Caso do Banco do Brasil, com ações em bolsa, inclusive no exterior. Não havia outro jeito anão ser o recuo de Bolsonaro.
Mas mandou o recado: auxiliar seu precisa agir da forma como ele pensa. Por suposto, mas não quando vai contra alei. Surge mais um foco de tensões no governo, que deveria não cri arruídos adicionais aos que existem, e aumentarão, coma reformada Previdência. Outro ataque ao bom senso, também relacionado a este círculo de radicais em que estão os filhos de Bolsonaro, é o anúncio feito pelo próprio presidente, na presença do novo ministro da Educação, Abraham Weintraub, de que serão revistos os gastos em cursos de Sociologia e de outros de ciências humanas e sociais, incluindo Filosofia. A prioridade serão áreas do conhecimento que gerem “renda para a pessoa e bem-estar para a família”.
Mais um show de preconceitos e de desconhecimento. Por exemplo, da necessidade da abordagem interdisciplinar da sociedade. Grandes empresas não prescindem de ferramentas da psicologia e sociologia para entender sua clientela. As ciências ditas “exatas” não explicam tudo para todos, inclusive os governos.
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