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Governo de brincadeira
Com todo respeito, obviamente o cacete, general Otávio do Rego Barros, porta-voz do presidente da República. Sem essa de “obviamente que o presidente não quer e não intervirá em aspectos que estejam relacionados a juros dos bancos que estão em tese sob o guarda-chuva do governo”.
Todo mundo viu, e quem não viu pode ver nas redes sociais, a gravação da televisão estatal onde o presidente Jair Bolsonaro, durante uma feira do setor agropecuário em Brasília, dirige-se ao presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, e diz:
– Eu faço um apelo para o seu coração e seu patriotismo para que esses juros, tendo em vista que você é cristão, para que esses juros caiam um pouco mais.
O que passou a cair a partir do apelo feito por Bolsonaro foi o valor das ações do Banco do Brasil na Bolsa de Valores. Recuperou-se mais tarde. Lembra algo? A queda do valor de mercado da Petrobras depois que Bolsonaro mandou suspender o reajuste do preço do diesel? Pois ele. Ele não aprende nunca.
Os que o cercam pelo menos aprenderam a corrigi-lo sempre que comete mais uma trapalhada. Como fez o presidente do Banco do Brasil, por exemplo. Para Novaes, Bolsonaro apenas “brincou”. A culpa pelo mal-entendido foi da imprensa “que perdeu o humor”.
Mais uma trapalhada do filho
Aspirante a ministro do pai
Depois de conseguir que seu pai demitisse Gustavo Bebianno, ministro da Secretaria-Geral da presidência da República, e de carimbar o vice-presidente Hamilton Mourão com a pecha de conspirador, o garoto Carlos Bolsonaro resolveu mirar no general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ministro da Secretaria de Governo, à qual a Secretaria de Comunicação (Secom) é subordinada.
“Vejo uma comunicação falha há meses da equipe do Presidente. Tenho literalmente me matado para tentar melhorar, mas como muitos, sou apenas mais um e não pleiteio e nem quero máquina na mão. É notório que perdemos oportunidades ímpares de reagir e mostrar seu bom trabalho”, escreveu o vereador no Twitter. Com isso admitiu o que nega: quer, sim, mandar na comunicação do governo.
É tudo o que ele sempre quis, e persegue com a conivência do pai. Mais de uma vez, o presidente Jair Bolsonaro já disse que deve sua eleição a Carlos, o 02. E que ele tem todas as condições para aspirar a ser ministro. Não é por quê? Porque os generais que cercam Bolsonaro não querem. E porque Bolsonaro teme ser criticado caso o nomeie ministro. Mas ainda poderá fazê-lo.
Carlos não se conforma com o fato de não ter um lugar especial em Brasília ao lado do pai. Os irmãos Flávio e Eduardo têm. Um por ser senador, outro deputado federal. Embora dono das senhas de Bolsonaro nas redes sociais, e o mais influente dos três filhos, Carlos considera tudo isso pouca coisa. E estimulado pelo autoproclamado filósofo Olavo de Carvalho, vai à luta.
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