As
pessoas estão exaustas de tanto antagonismo e intolerância
Posso
estar errado, pode ser só um wishfull
thinking, um otimismo vocacional, mas tenho a impressão de que
muitas coisas mudaram no Brasil e nos Estados Unidos. Ou melhor, começaram a
mudar. A maioria dos americanos se cansou da grosseria, do autoritarismo e do
egocentrismo patológico de Trump, embora mais de 70 milhões ainda acreditem
nele. Já é um adianto, pequeno mas animador. No Brasil, os candidatos apoiados
por Bolsonaro fracassaram, o que parecia apoio era o beijo da morte. Não há
fake news capazes de reverter o banho de realidade a que o Brasil assistiu ao
vivo, com o Centrão, o DEM e o PSDB ganhando as capitais e a esquerda no
segundo turno em Belém, Fortaleza, Recife, São Paulo e Porto Alegre. Aleluia,
irmãos!
Tenho
a impressão de que as pessoas no Brasil também estão exaustas de tanto
antagonismo, intolerância e animosidade; a pandemia e o fantasma da morte
recolocaram muitos valores em seus devidos lugares, a vida em primeiro. Todo
mundo está de saco cheio de viver num mundo binário, em que só se pode ser de
um lado ou outro, sem independência, sem divergências e sem movimento, fazendo
da vida uma escolha primária e estática, que não evolui.
Depois
de “O dilema das redes” todo mundo já sabe, mas é bom lembrar que, quanto mais
brigas e confrontos houver on-line, mais ganham as redes sociais em anúncios,
porque vivem disso. Mas o isolamento social e o clima eleitoral fizeram as big
techs dobrarem suas receitas bilionárias este ano nos Estados Unidos, e as
campanhas contra empresas que lucram com o ódio ganharam força e exigem
mudanças.
Radicais, de qualquer lado, começam a desistir das ilusões de convencer o outro a mudar sua opinião ou sua crença. É o preço da bipolarização, da bipolaridade psiquiátrica do Brasil, que exige debates civilizados sobre o que realmente interessa à sociedade. Problemas complexos não têm soluções em preto ou branco, direita ou esquerda, sim ou não. Isso é para primários, toscos, ignorantes e fanáticos. Que ainda não notaram o que está acontecendo.
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