Cidade de SP arrumou mais
292 leitos em março, mas número de internados aumento 483
Desde 1º de março, a
prefeitura de São Paulo abriu mais 292 leitos de UTI para Covid-19. Aumento em
483 o número de doentes internados sob terapia intensiva. A ocupação das UTIs
passou de 70% para 90%. No ritmo atual de internações extras na terapia
intensiva (na média móvel de 7 dias), as UTIs lotam de fato em oito dias, caso
não se arrumem mais leitos.
Antes disso, como já se
antevê, começaria o caos terminal, pacientes sendo levados dali para lá, no
desespero e risco ainda maior de morte.
A prefeitura diz que tem como arrumar mais alguns leitos. Espera que, com as medidas de distanciamento social, o número total de internados cresça até entre os dias 10 e 15 de abril. Mesmo nessa perspectiva otimista, trata-se de uma situação gravíssima. Se houver relaxamento, é bom nem pensar. É fácil perceber que as medidas restritivas vão durar ou deveriam durar por mais tempo.
A velocidade do número de
novas internações diárias em UTI diminuiu em São Paulo e mesmo na média do
estado de São Paulo. Além de ser mudança recentíssima (desde o dia 21 de março)
e talvez mera variação por acaso, não é um alívio, mas uma desaceleração do
desastre ainda sem controle.
Para que se entenda essa
desaceleração, segue um exemplo, com números exagerados, para a clareza do
entendimento.
Considere-se que, num dia
qualquer em alguma cidade, existam 100 internados em UTI e que o número de
novos internados cresça 10%. São mais 10 doentes em terapia intensiva,
portanto. Imagine-se que, um tempo depois, o ritmo de novas internações tenha
caído de modo relevante, para 5%, mas existam então 200 internados. Serão
necessários ainda 10 novos leitos de UTI. O ritmo das internações diminuiu, mas
não a quantidade de novos doentes graves que precisam de terapia intensiva.
Para que exista algum
alívio, o ritmo de novas internações precisa cair muito, o que depende, tudo
mais constante, de menos infecções, de menos contato social, de uso rigoroso de
máscara etc.
Se até antes de meados de
abril houver algum controle da doença, os hospitais da prefeitura de São Paulo
precisarão arrumar pelo menos uns 120 novos leitos de UTI. A cidade brasileira
com mais recursos está
nessa situação e precisa de ajuda do governo estadual, diz o governo
paulistano. Se por mais não fosse, pelo menos 20% dos internados é de fora do
município.
Colocar um doente na UTI
não é liga-lo a uma máquina de tratamento, ou não apenas. É preciso arrumar
mais médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, pessoal de apoio em geral. É um
trabalho que demanda tempo e esforço intelectual, físico e emocional. Há limite
para arrumar tanta gente para cuidar de tantos doentes.
Dependemos de nós mesmos e
da competência, maior ou menor, de prefeitos
e governadores. Quanto ao governo federal, o país ainda estará largado à
própria sorte por algum tempo, na melhor das hipóteses, caso tenhamos de fato
um ministério
da Saúde. Semanas?
Na melhor das hipóteses.
Mesmo depois da criação
desse “comitê” nacional para combater a epidemia, Jair Bolsonaro ainda faz
campanha e mente sobre medidas de distanciamento social, por exemplo. Cada
pessoa convencida a não ligar para medidas de distanciamento é um candidato a
ficar doente e passar a doença para mais de uma pessoa.
O aumento do ritmo
de vacinação deve dar alguma ajuda em meados de abril, mas auxílio
ainda marginal. Se tudo der menos errado na vacina, os efeitos maiores
apareceriam lá por fins de maio.
Temos de fazer nossa parte e não ouvir o pregador da morte.
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