O Estado de S. Paulo
Depois da ONU, das lives e do cercadinho, Bolsonaro agora mente em Dubai
Não bastassem os vexames na Europa, com
ausência na COP 26, inutilidade no G-20 e agressão a manifestantes na Itália, o
presidente Jair Bolsonaro mente, com um sorriso sem graça, em Dubai, numa
viagem de uma semana aos Emirados Árabes.
Para espanto geral, o presidente brasileiro
disse que a Amazônia é uma floresta úmida que não pega fogo e está igualzinha
desde 1500. Para piorar, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse na maior
cara dura que o Brasil “cresce acima da média”.
Peguem os dados do Inpe, um instituto
público, e do Observatório do Clima, que é independente, e a verdade está toda
lá: as queimadas e o desmatamento da Amazônia (e não só) são os piores em
muitos anos.
Se tiverem paciência e estômago, também vão ver que as multas ambientais despencaram com Bolsonaro, para alegria de grileiros e criminosos e profunda tristeza de quem se preocupa com Amazônia, florestas, ambiente e planeta.
E a fala de Guedes, num horizonte de
recessão, inflação e juros disparando, desemprego renitente, sem planos e
estratégia de recuperação econômica e social?
É tudo tão inacreditável que a gente não
sabe se é piada de mau gosto ou só cara de pau, até dissipar a dúvida revendo
as manifestações do presidente em variados momentos e ambientes. Aí, tudo faz
sentido.
Bolsonaro já usou a ONU, sem tomar a
vacina, para defender medicamentos comprovadamente ineficazes contra a
covid-19, combinando dois erros fatais que cometeu durante toda a pandemia:
ataque às vacinas e propaganda de remédio inútil, até perigoso.
E as lives do presidente? 1) atribuindo ao
TCU um estudo falso negando metade das mortes por covid; 2) inventando uma
“pesquisa” alemã dizendo que máscaras fazem mal às crianças; 3) atribuindo
casos de aids à segunda dose de vacina contra covid na Inglaterra.
Sem contar que ele questionou os dados do
desmatamento, mandou demitir o presidente do Inpe e refazer a metodologia. Pois
ela foi refeita e os dados continuaram os mesmos. A retórica negacionista de
Bolsonaro também.
E temos a longa live em que ele usou
relatório vazado ilegalmente da Polícia Federal para “comprovar” uma outra fake
news: as urnas eletrônicas são fraudadas, logo, é preciso cédula de papel.
É ótimo buscar investimentos estrangeiros,
apesar dos regimes ditatoriais, mas mentindo, violentando os fatos e batendo
bumbo para uma realidade paralela? Bolsonaro é sem noção e sem limite.
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