O Estado de S. Paulo.
A campanha já está na rua, e a representatividade de gênero será cobrada. Não duvidem
O Brasil tem economistas brilhantes, mas, a
depender do andar da carruagem, o debate eleitoral no campo econômico será mais
uma vez comandado em 2022 por uma maioria de homens.
Mulheres têm assessorado presidenciáveis.
Isso é fato. A coluna não pretende dizer o contrário. É preciso chamar atenção,
no entanto, para a necessidade de maior protagonismo feminino na campanha do ano
que vem.
As eleitoras mulheres estão cada vez mais atentas a esse ponto. Indiferentes, os políticos continuam achando que esse tema é mimimi de ativismo feminista.
Nas eleições de 2020, o Tribunal Superior
Eleitoral informou que a maioria do eleitorado era formada por mulheres, que
representavam 52,49% do total, ante 47,48% de homens. Um contingente de
77.649.569 de mulheres.
A campanha já está na rua, e a
representatividade de gênero será cobrada. Não duvidem disso.
Se mais mulheres não estiverem engajadas no
debate econômico eleitoral de primeira hora, o do desenho dos programas e das
políticas públicas dos candidatos que podem se tornar presidentes, as chances
de um futuro governo com mais mulheres também diminuem.
Pelo que já foi divulgado até agora, a
coordenação dos times principais de economistas dos pré-candidatos é formada
por homens. Moro, Doria, Ciro... Todos eles têm economistas homens no comando.
Lula será o porta-voz econômico da sua campanha, já disse a presidente do PT,
Gleisi Hoffmann. Mas são economistas homens do PT que têm dado o tom do debate
econômico no partido.
Bolsonaro tem Paulo Guedes. O ministro da
Economia até já falou em planos para a campanha. Sua equipe também é formada
praticamente por homens nos cargos de comando. Só agora, quase três anos depois
de governo, Guedes indicou uma mulher para comandar uma das secretarias
especiais do seu superministério.
Um marco histórico na cobrança da sociedade por igualdade de gênero ocorreu na posse de Michel Temer. A foto do ex-presidente, no Palácio do Planalto, rodeado só de homens, viralizou e chamou atenção para o fato de que na sua equipe de 24 ministros não havia nenhuma mulher. A imagem daquele dia foi tão marcante que as críticas inundaram as redes sociais e até hoje é lembrada.
Com Jair Bolsonaro, não foi muito
diferente. Ele assumiu a Presidência com apenas duas ministras (Tereza Cristina
e Damares Alves) num time de 22 ministros. Em resposta às críticas, disse que o
ministério estava equilibrado porque cada uma delas valia por 10 ministros. Não
colou.
Acordem, candidatos!
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