quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

O que a mídia pensa: Editoriais / Opiniões

Alta na percepção de corrupção traz custo ao Brasil

O Globo

Recuo do país em ranking global expõe enfraquecimento de instituições de controle depois da Lava-Jato

O Judiciário — em especial os tribunais superiores — deveria dar atenção à última lista de percepção da corrupção global preparada pela Transparência Internacional. A sensação de um ambiente contaminado por negociatas tem custo enorme para a reputação brasileira e afasta empresas e investidores sérios do país.

Numa escala em que zero é o cenário menos e cem o mais corrupto, o Brasil ficou com 36 pontos. Caiu dez posições, para o 104º lugar entre 180 países. Merece reflexão o histórico dos últimos dez anos. Em 2014, início da Operação Lava-Jato, eram 43 pontos. De lá para cá, a trajetória, com altos e baixos, foi descendente. Os piores resultados aconteceram em 2018 e 2019, quando a pontuação foi 35, patamar equivalente ao atual.

Medir corrupção é das tarefas mais difíceis. Negociatas são feitas nas sombras justamente para ficarem longe do escrutínio público. Paradoxalmente, um aumento no combate à corrupção pode, com a revelação dos esquemas, contribuir para a percepção de que houve aumento na roubalheira. Um ranking que apenas somasse os valores descobertos em operações ilegais penalizaria os países dispostos a coibi-las. Por isso a análise baseada em percepção, de preferência com prazo mais alongado, é medida mais precisa.

Vera Magalhães - Polarização como vício

O Globo

As declarações recentes de Lula mostram um presidente capturado pela ideia de contraposição com Bolsonaro

Não bastasse o mal que faz ao debate público, o desgaste que causa às instituições de Estado e o risco que representa para a própria democracia, a polarização política virou uma muleta que os dois lados que dela se alimentam passaram a usar para justificar todas as suas mazelas e exigir do público complacência com as inconsistências de seus projetos de governo.

O clã Bolsonaro — investigado em múltiplas frentes por suspeitas que vão de aparelhamento de Estado e tentativa de minar o processo eleitoral, por parte do patriarca e ex-presidente, a traficâncias várias por que são investigados os filhos — coloca tudo no saco da perseguição política do PT, do Judiciário e da imprensa.

Mais: essa sanha incontrolável não estaria voltada apenas à família, mas seria destinada a abater toda a direita e o pensamento conservador, incluídos aí cristãos, por meio de uma cruzada religiosa.

Trata-se de uma tática tão surrada quanto ainda eficaz de criar uma cortina de fumaça para fatos de extrema gravidade. A parcela do público que reza segundo a cartilha do bolsonarismo compra de forma acrítica essa explicação, que não se sustenta de pé e funciona como elixir para tudo, de Abin paralela a joias ofertadas por um país ao governo brasileiras e vendidas sorrateiramente.

Bernardo Mello Franco – Em nome do papai

O Globo

Investigado por arapongagem, Zero Dois sempre deixou claro que cumpria ordens do pai

Depois de se eleger presidente, Jair Bolsonaro informou que presentearia o filho Carlos com a Secretaria de Comunicação Social. “O cara é uma fera nas mídias sociais. Tem tudo para dar certo”, justificou. A ideia pegou mal, e o capitão desistiu do ato de nepotismo explícito. O Zero Dois não virou ministro, mas se tornaria uma eminência parda do governo.

Carluxo fabricou crises, derrubou ministros e comandou o famigerado gabinete do ódio. Sem cargo formal em Brasília, ganhou o apelido de vereador federal. O pai preferia chamá-lo de “meu pit bull”. Um cão feroz, sempre a postos para morder a canela dos adversários.

Em março de 2020, o ex-ministro Gustavo Bebianno disse que o Zero Dois queria criar uma “Abin paralela”. Um sistema de informações clandestino, que não deixaria rastros de suas atividades. Agora a Polícia Federal acredita que essa ideia também ficou pelo caminho. Os Bolsonaro acharam mais útil capturar a Abin oficial.

Zeina Latif - A necessária renovação política, nos EUA e no Brasil

O Globo

A falta de novas candidaturas, mais conectadas aos anseios da sociedade, poderá trazer desânimo aos mercados e à sociedade

Os EUA terão eleição este ano num clima de desânimo. De um lado, uma sociedade insatisfeita e, de outro, a incapacidade de renovação da política. Os partidos rivais não conseguiram construir candidaturas competitivas alternativas a Donald Trump e Joe Biden.

Nutre-se, assim, a polarização, que por sua vez, dificulta a construção de consensos necessários para atender aos anseios da sociedade, hoje mais complexa. Que o Brasil não siga o mesmo caminho.

O desconforto da sociedade é revelado em pesquisas de opinião e nos indicadores de confiança. O baixo desemprego (3,7% em dezembro ante 14,9% no auge da pandemia e média histórica de 5,7%) e o recuo da inflação (3,3% ao ano em 2023 ante 8,9% em meados de 2022) não têm trazido maior satisfação aos indivíduos.

Afinal, não basta ter trabalho; as pessoas anseiam também por melhor qualidade de vida, igualdade de oportunidades e justiça.

Roberto DaMatta - Esse eu conheço!

O Globo

Nossa aversão à impessoalidade chega às raias da repulsa. De tal modo que a regra universal é tida como desgraça ou castigo

Salta aos olhos a trivialidade da expressão acima. No entanto, quanto mais a usamos, menos penetramos em seu significado. Veja como ela pouco diz traduzida para o inglês, justamente porque, como diria Gilberto Freyre, ela — como o carnaval — é um “brasileirismo”.

É um “conhecer cultural” inscrito no nosso inconsciente. Na escondida hierarquia das nossas relações sociais, e no modo como as vivenciamos.

Todos conhecem X, mas nem todos podem dizer com orgulho, revelação ou desprezo: “Esse eu conheço!” — o que equivale a revelar um elo pessoal. Um laço instaurador de um conhecimento íntimo, cotidiano e familiar. Tudo o que socialmente faz diferença, porque afasta o demônio do informal e do impessoal que não sabe quem somos.

Realmente, nossa aversão à impessoalidade chega às raias da repulsa. De tal modo que a regra universal é tida como desgraça ou castigo, jamais como regulador informal de um hábito ou costume.

Elio Gaspari - O jogo pesado de Emmanuel Macron

O Globo

Até as pedras sabiam que o presidente francês, Emmanuel Macron, se opunha ao acordo de comércio da União Europeia com o Mercosul, mas, ao anunciar que as negociações deveriam ser interrompidas, ele jogou pesado. Uma coisa é divergir, o que vem acontecendo desde que as conversas começaram, há 25 anos. Outra é fechar a porta. No século passado, americanos e vietnamitas negociavam em Paris, enquanto Hanói e Haiphong eram bombardeadas.

Macron falou grosso porque agricultores franceses sitiaram Paris. Bloqueada, a cidade tem três dias de comida. Sua atitude foi truculenta, porém compreensível. Na França, enfrentar os agricultores é suicídio. Eles defendem seus interesses.

O petardo partiu da assessoria de Macron:

Fernando Exman - O baile de máscaras de Lula e Lira no pré-carnaval

Valor Econômico

Volta dos trabalhos legislativos agita Brasília

Sempre falta animação no pré-carnaval de Brasília. Mas não neste ano. Na política, pelo menos, há grande agitação em torno da volta dos trabalhos do Congresso. A grande dúvida é como estarão as relações entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o deputado Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, depois dos vetos às propostas que ampliam o poder dos parlamentares na gestão dos recursos do Orçamento.

Por parte do Palácio do Planalto, a expectativa de auxiliares diretos de Lula é que o presidente da Câmara passe a adotar o que, na visão deles, seria um posicionamento menos ambíguo. Já pelo lado das lideranças do Centrão, espera-se que o governo passe a cumprir com mais rapidez os acordos fechados. Torcem para que a situação da Funasa, a Fundação Nacional da Saúde, seja resolvida antes da quarta-feira de cinzas.

Lu Aiko Otta - Dúvidas e desconfianças na política industrial

Valor Econômico

Anúncio da semana passada foi incompleto, mas a promessa é de que não se aceitará a repetição da gastança vista nas iniciativas anteriores

Torneiro mecânico, com a carreira política forjada em portas de fábrica no ABC paulista, Luiz Inácio Lula da Silva levou mais de um ano para anunciar seu plano de “neoindustrialização”. Chegou incompleto, como ficou claro no anúncio, na semana passada. Serão necessários ainda 90 dias para lhe dar carne e osso.

Na falta de informações, a Nova Indústria Brasil (NIB), como foi batizada, é criticada pelo que pode vir a ser e pelo que pode deixar de entregar. Afinal, não se sabe.

Ao trazer à tona a ideia de um “Estado empreendedor” e colocar compras governamentais, exigência de conteúdo nacional e empréstimos subsidiados como ferramentas para apoiar o desenvolvimento de cadeias produtivas nacionais, a nova política industrial pareceu a reedição de sua desastrosa versão anterior, que trouxe prejuízos aos cofres públicos e esteve no centro das investigações da Lava-Jato.

Nicolau da Rocha Cavalcanti* - Proteger a proteção da democracia

O Estado de S. Paulo

A Lei 14.197/2021 não tem nada a ver com incriminação por motivos políticos, nem com redução do espaço do debate público

No dia 10 de janeiro, houve um fato em São Paulo que pode causar enorme estrago. A Lei de Defesa do Estado Democrático de Direito (Lei 14.197/2021) foi usada para constranger manifestantes que protestavam contra o aumento do valor da passagem de metrô e trens, em ato do Movimento Passe Livre (MPL). Sob a alegação de que portavam objetos com potencial ofensivo, como faca, canivete e porrete, e colocavam em risco a ordem e a segurança pública, várias pessoas foram detidas pela Polícia Militar. Depois, sete delas foram indiciadas, entre outros crimes, por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Criado pela Lei 14.197/2021, o art. 359-L do Código Penal (CP) estabelece pena de quatro a oito anos para quem “tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais”.

Wilson Gomes* - Pobreza, voto e esquerda

Folha de S. Paulo

Quem tem fome não tem doutrina econômica preferida, tem é urgência

Se uma pessoa é pobre ou vive na miséria, continua um bom negócio votar na esquerda? Os defensores do liberalismo econômico argumentam que a esquerda não resolve efetivamente o problema dos pobres, por ser incapaz de gerar riqueza. Na visão deles, tudo o que a esquerda consegue fazer é socializar a pobreza ou criar Estados que acodem os pobres, nada mais.

No entanto, esse tipo de argumento, seja verdadeiro ou falso, raramente se torna uma "razão de voto" para os mais vulneráveis da sociedade. Quem tem fome e vive na precariedade, com a vida por um fio, não tem doutrina econômica preferida, tem é urgência.

É nessa perspectiva a minha indagação sobre se os pobres continuam tendo boas razões para votar na esquerda. Intuitivamente, pareceria que sim. Afinal, até onde meu conhecimento alcança, ser de esquerda consiste em priorizar a igualdade, inclusive a igualdade econômica.

Vinicius Torres Freire - A carga tributária baixou

Folha de S. Paulo

No ano passado, arrecadação federal como proporção do PIB caiu, mas não por ação do governo

A carga tributária federal baixou em 2023, primeiro ano de Lula 3. Ainda não há números bons para os estados depois de outubro de 2023, mas a não ser em caso de exorbitância extrema do Sobrenatural de Almeida, a carga estadual também terá diminuído em 2023.

A fim de tentar desanimar quem venha com "argumentos de twitter", "zap" e "opiniões", recorde-se que "carga tributária" é apenas uma proporção, uma fração: o total de dinheiros recolhidos pelos governos por meio de tributos e similares dividido pelo valor do PIB.

Se a carga tributária baixou em certo ano não quer dizer, necessariamente, quase nunca, que alíquotas de impostos diminuíram. É possível que, devido ao ritmo da economia em tal ou qual setor, menos tributos tenham sido recolhidos.

Bruno Boghossian - Lula cutucou uma briga feia

Folha de S. Paulo

Presidente reconhece tamanho do problema que dois órgãos estratégicos representam hoje

Lula cutucou uma disputa que evoluiu de intriga para briga feia entre a Abin e a Polícia Federal. Ao comentar as investigações que miram o órgão de inteligência, o presidente alertou que a PF não deveria fazer "show pirotécnico" em suas ações. Na sequência, o petista se virou para o outro lado e admitiu sua desconfiança em relação à agência.

O excesso de sinceridade do presidente dá conta do tamanho do problema que os dois aparelhos estratégicos representam para o governo. Lula tem hoje uma Polícia Federal que se lançou numa cruzada para derrubar a cúpula da Abin. A chefia da agência, por sua vez, foi contaminada por acusações de arapongagem com fins políticos.

Hélio Schwartsman - O segredo sujo da corrupção

Folha de S. Paulo

Brasil piora sua posição em ranking anual da Transparência Internacional

Brasil piorou sua posição no ranking anual de percepção da corrupção da ONG Transparência Internacional. O país ocupa o 104º lugar entre as 180 nações analisadas.

Medir a corrupção esbarra num problema óbvio. Corruptos e corruptores têm todo interesse em permanecer nas sombras. É só quando cometem algum erro e o esquema é descoberto que vai para os registros. Como é razoável imaginar que a taxa de sucesso não seja das mais baixas, o grosso fica fora do radar.

Luiz Carlos Azedo - Congresso empareda governo com emendas ao Orçamento

Correio Braziliense

Lula ainda tenta recuperar o poder dos mandatos anteriores, mas não consegue. Sua alternativa é confrontar o Congresso e negociar, mas essa é uma via de mão dupla

Deve-se ao pensador italiano Antônio Gramsci, quando encarcerado pelo ditador Benito Mussolini, nos seus Cadernos do Cárcere, a diferenciação entre a pequena política e a grande política. A pequena política é do dia a dia, nos bastidores do poder: intrigas, articulações e interesses fisiológicos. A grande política envolve os assuntos que dizem respeito aos grandes interesses nacionais, às estruturas econômico-sociais e estaria ligada à fundação e conservação do Estado. Assim, seria de interesse de quem faz a grande política excluí-la do debate político e trazer para o primeiro plano o debate sobre a pequena política.

É mais ou menos o que ocorre na discussão sobre as vultosas emendas parlamentares ao Orçamento da União, que saltaram de R$ 11 bilhões para R$ 16,6 bilhões só para as emendas de comissão, conhecidas como RP8. Em 2023, o valor foi de R$ 6,9 bilhões. Ao sancionar o Orçamento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou R$ 5,6 bilhões dessas emendas, o que mais ou menos corresponde aos cortes feitos pelo Congresso nas verbas do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Mesmo com o veto, o saldo total das emendas parlamentares será de cerca de R$ 47,4 bilhões. As verbas do PAC somam cerca de R$ 55 bilhões.

Cláudio Carraly* - Computação quântica, inteligência artificial e o homo sapiens sapiens. O futuro de hoje.

A Lei de Moore é um conceito desenvolvido pelo co-fundador da Intel, Gordon Moore, em 1965. A teoria previa que o número de transistores em um chip dobraria a cada dois anos.

Este crescimento exponencial da tecnologia do chip ajudou a revolucionar a indústria da computação, permitindo máquinas mais rápidas e mais confiáveis que poderiam ser usadas para uma gama cada vez maior de aplicações. Serviu como uma pedra angular no desenvolvimento de computadores.

Hoje nossos aparelhos celulares tem a capacidade computacional superior a muitos dos nossos computadores pessoais, que nesse momento já excedem a necessidade básica de trabalho e entretenimento pessoal, da maioria das pessoas na pesquisa. Dito isto, questionamos se a lei de Moore vai se esvair pela falta de necessidade pessoal de tanto hardware e processamento? Claro que não, essa capacidade vai migrar para outras áreas de conhecimento trazendo novas respostas e necessidades que nem sabíamos que tínhamos 

Aqui proponho um exercício futurologico, que como todo exercício de análise para o que há de vir, pode estar fadado ao fracasso pois baseado no presente projetamos o futuro, porém acredito que por conta do caminho que opera nossa tecnologia científica, podemos prever com bastante segurança o casamento inexorável da atual tão discutida inteligência artificial, com a pouco lembrada tecnologia computacional quântica.

Poesia | No meio do caminho, de Carlos Drummond de Andrade

 

Música | Zé Ramalho - Frevo Mulher

 

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

O que a mídia pensa: Editoriais / Opiniões

Déficit primário acende alerta sobre meta fiscal

O Globo

Mesmo levando em conta ressalvas sobre precatórios e auxílio a estados, resultado ficou aquém do previsto

O anúncio do Tesouro Nacional a respeito do desempenho das contas públicas em 2023 deve servir de alerta ao governo federal sobre os desafios para 2024. O resultado foi pior que o prometido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no início de 2023, quando falou num déficit inferior a R$ 100 bilhões. O número anunciado ficou acima da meta oficial, de até R$ 213,6 bilhões no vermelho. A União registrou déficit de R$ 230,5 bilhões, ou 2,1% do PIB. Foi o pior resultado desde o início da série histórica, em 1997, com a exceção de 2020, primeiro ano da pandemia.

É verdade que esse número precisa ser lido com ressalvas. Ele considera o gasto extraordinário para regularizar as pedaladas do governo Jair Bolsonaro com a quitação das dívidas sem possibilidade de recurso na Justiça, os precatórios. E inclui outro esqueleto da administração anterior: pagamentos para compensar estados e municípios pelas perdas em 2022 com a redução do ICMS. Descontando os precatórios do resultado primário — como determina decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) —, o déficit primário ficou em R$ 138,1 bilhões, ou 1,3% do PIB. E retirando a ajuda aos estados, em R$ 117,2 bilhões. Ainda assim, acima do que previa Haddad no início do ano.

Merval Pereira - A realidade se impõe

O Globo

As informações da PF, que investiga ações da Abin durante o governo Bolsonaro, levam à quase certeza de que realmente foi montado um esquema paralelo para servir de apoio ao presidente e a seus filhos

O estilo tosco e boquirroto do ex-presidente Jair Bolsonaro se volta contra ele na maioria das vezes. Pode até entusiasmar parte de seus seguidores, aqueles que querem sangue, mas acaba produzindo provas contra si mesmo. É o caso, para citar apenas um, dos ataques que proferiu de um palanque contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Tão grave foi a investida que Bolsonaro, assessorado por Michel Temer, teve de pedir desculpas numa carta pública.

É o caso, agora, da intervenção na Agência Brasileira de Inteligência com a intenção de formar uma “Abin paralela” para espionar adversários políticos e obter informações sobre investigações que pudessem atingi-lo e sua família. Nada mais espontâneo, justamente porque ele não vislumbrava a possibilidade de o vídeo ser divulgado, do que a exortação de Bolsonaro na famosa reunião ministerial de 2020 em favor de um sistema de informações mais eficiente para proteger sua família e seus amigos.

Dora Kramer - Amargo regresso

Folha de S. Paulo

Daqui em diante, Congresso será mais hostil do que nunca na relação com o Planalto

Congresso Nacional volta do recesso nesta semana mais hostil do que nunca em relação ao Planalto. O presidente da República teve um ano para ajeitar a base, fazer o que seria de se espertar de sua festejada competência política aliada à experiência dos mandatos anteriores, além de um aprendizado de escândalos decorrentes do convívio com o Legislativo escrito por linhas tortas.

Luiz Inácio da Silva (PT) teve outras prioridades em 2023 e dedicou-se a elas confiante na ideia de que o Senado lhe seria mais amigável e a Câmara estaria pacificada se não atrapalhasse a vida de Arthur Lira (PP-AL) na renovação do comando da Casa.

Alvaro Costa e Silva - O voto na arapongagem

Folha de S. Paulo

PL sabia que Alexandre Ramagem era investigado e pagou para ver

Maior e mais rico partido (R$ 863 milhões de fundo para as eleições deste ano), o PL, quanto mais tenta, mais se complica na escolha do candidato a prefeito do Rio. Se for mantido na disputa, Alexandre Ramagem —alvo da operação da PF que acusa a Abin de espionagem ilegal para Bolsonaro— terá de conviver ao longo da campanha com os desdobramentos do escândalo, que é daqueles que prometem mais revelações escabrosas. No momento, a mira é o filho 02, Carlos.

Bolsonaro ainda chorava (longe do Brasil, na Flórida) as pitangas da sua dupla derrota, na reeleição e no ensaio de golpe, quando surgiu a informação de que ele tentaria a volta por cima na cidade que o viu nascer como político. Provavelmente a candidatura era delírio de puxa-saco, e logo o ex-presidente se tornou inelegível.

Joel Pinheiro da Fonseca – Os fatos e tudo a seu redor

Folha de S. Paulo

Assunto do dia deixou de ser os fatos graves que motivaram a investigação e passou a ser o que fizeram com esses fatos

Naquela infame reunião ministerial de 22 de abril de 2020, cujo vídeo circulou o país na época da denúncia de Sergio Moro sobre a interferência presidencial na Polícia Federal, Jair Bolsonaro falou de um sistema particular de informação, em oposição aos oficiais, que não funcionavam a contento. Poderia isso ser uma referência a um uso ilícito da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), uma "Abin paralela" que, por meio do delegado Alexandre Ramagem passava ao presidente e seu núcleo duro informações sigilosas sobre operações policiais e adversários políticos?

A PF já tem algumas provas, como troca de mensagens entre assessora de Carlos Bolsonaro e auxiliar de Ramagem na qual ela pede informações sobre inquéritos policiais. Por esse motivo, celulares e computadores na casa de Carlos Bolsonaro foram apreendidos. A coisa já é grave o bastante por si só.

Eliane Cantanhêde - Abin e gabinete do ódio

O Estado de S. Paulo

Como na pandemia, quem deu pistas e provas sobre o ‘SNI particular’ foram Bolsonaro e os seus

Apesar da reação da família Bolsonaro e seus seguidores, qual a surpresa na operação da Polícia Federal para aprofundar as provas, que não são poucas, contra o vereador do Rio Carlos Bolsonaro? O próprio Jair Bolsonaro, como presidente, admitiu ter um SNI “particular”. O ex-ministro Gustavo Bebianno denunciou no Roda Viva que Carlos comandava “uma Abin paralela”. O general e exministro Santos Cruz saiu indignado com as traquinagens dos “meninos” no governo. E o “gabinete do ódio” revelado pelo nosso Estadão, era para quê?

Luiz Carlos Azedo - Inquérito da "Abin paralela" chegou ao clã Bolsonaro

Correio Braziliense

As ligações da "Abin paralela" com o chamado "Gabinete do ódio", supostamente comandado pelo vereador Carlos Bolsonaro, é que justificaram as operações desta segunda-feira

Ward Littell, ex-agente do FBI, advogado de Howard Hughes, e Pete Bondurant, ex-agente da CIA, anticomunista fervoroso, são dois personagens noir de Tabloide Americano, de James Ellroy, considerado o melhor romance de 1996 pela crítica norte-americana. Descreve a trama política e mafiosa cujo desfecho foi o assassinato do presidente John Kennedy, em Dallas, no dia 22 de novembro de 1963. Os glamourosos bastidores da Casa Branca são devassados pelos serviços de inteligência.

John Kennedy tinha um caso escancarado com Marilyn Monroe; o magnata Howard Hughes, que financiava a extrema direita supremacista, era um paranoico drogado; Ava Gardner traía Frank Sinatra. O senador Robert Kennedy, que também viria a ser morto, investigava a máfia; o poderoso chefe do FBI, J. Edgard Hoover, vigiava os "comunistas" e o presidente da República; e a CIA investiga todo mundo. Fidel Castro, líder da Revolução Cubana, era o pretexto para toda sorte de atividades ilegais.

Christopher Garman* - Brasil e os riscos geopolíticos de 2024

Valor Econômico

Desafio do governo é imprimir política industrial que atraia investimentos, mas sem os erros do passado

O Brasil já começou a receber as primeiras luzes dos holofotes externos deste ano: na última segunda-feira (29), o Rio de Janeiro sediou a reunião de abertura do B20 - grupo que representa o braço privado do G20, as maiores economias do mundo. A reunião desta semana é uma de várias que antecedem a cúpula do G20, que acontece no país em novembro.

A boa notícia é que o Brasil tem uma bela janela de oportunidade externa - que o país pode aproveitar durante sua presidência do G20. Muito provém das especificidades dos riscos geopolíticos à frente e das vantagens competitivas do país.

No topo da lista de riscos estão três conflitos que não dão sinais de melhora: as guerras no Oriente Médio e na Ucrânia e o conflito interno nos EUA, que ficará mais evidente com as eleições do país em novembro. Um quarto risco está associado à falta de governança da inteligência artificial - que, ao mesmo tempo em que oferece um enorme potencial de aumento de produtividade, exacerba o potencial de desinformação nas eleições.

Antonio Ricardo Alvarez Alban* - Quem é contra a nova política industrial é contra o Brasil

Valor Econômico

Novo plano para indústria se assemelha ao que tornou o Brasil a grande referência do agronegócio e tem ações direcionadas aos desafios postos pelo cenário atual

Abastece com etanol? Compra remédio mais barato? Viaja num dos aviões mais modernos e seguros do mundo? Consome proteína animal que abastece o mundo ou eletricidade com motores elétricos? Temos celulose com sustentabilidade e crédito de carbono? Agradeça à política industrial. O que nos leva ao acalorado debate que temos observado a partir do lançamento da Nova Indústria Brasil, em 22 de janeiro, sobre se o Estado deve exercer maior ou menor papel em conduzir os caminhos para o desenvolvimento do país.

Afinal, do que trata e o que pretende a Nova Indústria Brasil e por que ela deve ser apoiada não só pela indústria? De forma resumida, seu fio condutor é alinhar agentes públicos e privados para posicionar o Brasil frente aos desafios contemporâneos. Isso se dá por meio de quatro temas transversais: inovação, produtividade, descarbonização e exportações, tendo a indústria como elemento central na indução de um novo ciclo de desenvolvimento econômico e social.

Andrea Jubé - Lula, Alckmin e as vítimas das eleições

Valor Econômico

Eleição municipal em São Paulo colocará o presidente e seu vice em palanques diferentes

Tancredo Neves, até hoje uma das raposas mais felpudas da política brasileira, dizia que “não se faz política sem vítima”. A eleição municipal em São Paulo testará essa máxima num cenário em que, após a vitória juntos em 2022, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) voltarão a se enfrentar em lados opostos. fará campanha para a chapa Guilherme Boulos (Psol) e Marta Suplicy (PT) para a prefeitura, enquanto Alckmin pedirá votos para a deputada Tabata Amaral, que lançou a pré-candidatura pelo PSB. Lula é esperado para o ato de (re)filiação de Marta ao PT nesta sexta-feira (2).

A seis meses do início da campanha, aliados do presidente especulam, em conversas reservadas, que Lula atuará para enterrar a candidatura de Tabata assim como fez com o ex-governador Márcio França (PSB) - hoje ministro do Empreendedorismo -, que desistiu de concorrer ao Palácio dos Bandeirantes em 2022 para apoiar o então postulante do PT, Fernando Haddad.

Maria Cristina Fernandes - Cercado, Bolsonaro acena a Ramagem e a militares

Valor Econômico

Investigações sobres suspeitas de 'Abin paralela' avançam sobre gestão do ex-presidente

decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, que autoriza a ação de busca e apreensão da Polícia Federal nos endereços do vereador Carlos Bolsonaro é de sábado, 27 de janeiro, e o mandado de busca e apreensão só sairia dois dias depois, na segunda, 29.

O intervalo, que é de praxe, permitiu que a família Bolsonaro realizasse a "live" que estava programada para a noite de domingo. Publicamente, o encontro se destinava a promover o site dos irmãos Flávio (senador), Eduardo (deputado federal) e Carlos que vende um curso para quem quiser disputar as eleições municipais. Dois comportamentos, porém, indicam que havia muito mais em curso.

Além do acanhamento do vereador, o que menos falou e mais foi interrompido pelo pai, entre os três irmãos que participaram do encontro, foi o ex-presidente Jair Bolsonaro que guiou a cena. Movimentou-se para blindar os entrepostos da operação que mira, como ficou claro, a si próprio.

César Felício - Judiciário fecha cerco a Bolsonaro e mantém protagonismo político

Valor Econômico

STF, que vem prorrogando inquéritos permanentemente, reembaralha as cartas todo o tempo

operação da Polícia Federal que teve como alvo o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos) foi desencadeada horas depois do lance inaugural do clã para as eleições desse ano, uma "superlive" (expressão deles) de Carlos, do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do ex-presidente Jair Bolsonaro. Por coincidência, transmitida da mesma casa em Angra dos Reis (RJ) de onde o patriarca e Carlos foram encontrados durante o mandado de busca e apreensão.

Essa circunstância, em um primeiro momento, energiza a base eleitoral da extrema-direita no Brasil. Assim como acontece com a de Donald Trump nos Estados Unidos, também sob cerco judicial. Assim como aconteceu com a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando foi preso em 2018.

Como “Carluxo” sabe de cátedra, o eleitor capturado por uma liderança carismática seleciona os fatos nos quais acredita. Só ganha o selo de verdade aqueles acontecimentos que coincidem com suas vontades.

Poesia | Carlos Drummond de Andrade - O Lutador

 

Música | Chico Buarque / Mônica Salmaso - Biscate

 

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

O que a mídia pensa: Editoriais / Opiniões

Brasil precisa se preparar para avanço da IA

O Globo

No país, 41% dos empregos estarão — para o bem ou para o mal — expostos à nova tecnologia, diz FMI

A preocupação com o avanço da inteligência artificial (IA) sobre o mercado de trabalho ganhou contornos mais precisos com um novo estudo sobre o tema publicado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). No mundo rico, diz o relatório, cerca de 60% dos empregos estarão expostos às novas tecnologias capazes de treinar máquinas para perceber, aprender e agir imitando habilidades cognitivas humanas. Nos mercados emergentes, serão 40%. Nos países de renda baixa, como a Índia, 26%. No Brasil, a parcela é estimada em 41%.

Vale lembrar que estar exposto nem sempre significa risco de perda ou extinção do trabalho. Pode ocorrer o contrário: a IA funcionar como trampolim salarial ao ampliar a produtividade nas atividades repetitivas. Não estar exposto, como acontece com os trabalhadores de baixa qualificação, é quase sempre mau negócio, por impedir os ganhos que a IA poderá proporcionar. A diferença da IA para outras ondas de automação do passado é que seus efeitos recairão principalmente sobre quem tem diploma universitário.

Fernando Gabeira - Força da grana move Brasília

O Globo

Os políticos brasileiros estão passando dos limites, uma forma de perder a sabedoria

No fim do século passado, um famoso artigo de Francis Fukuyama previu o fim da História. Errou o alvo, ainda bem, porque, sem as peripécias da História, nossa vida seria tomada pelo tédio e pela melancolia. Apesar disso, há momentos arrastados na História do Brasil, como essa briga do Congresso por verbas do Orçamento, algo tão chato como uma reunião de condomínio.

No entanto, se vencermos as barreiras do tédio, veremos que estamos diante de algo essencial para nossa vida cotidiana e mesmo para o futuro da democracia. Trava-se uma luta pela grana que todos pagam em impostos. Teoricamente, esse dinheiro deveria ser usado de uma forma racional para a prestação de todos os serviços que o Estado nos deve.

Isso é tão importante que, nas revoltas de 2013, segundo muitos observadores, houve protesto porque o Estado não devolvia em serviços eficazes o grande volume de impostos pagos a ele.

O avanço do Congresso sobre o dinheiro a ser gasto tem sido intenso nos últimos anos. Alguns ainda se lembram do orçamento secreto do período Bolsonaro. Era ilegal e acabou caindo por ordem do STF. Mas a força do Congresso é tão grande que ele continua impondo ao governo altos gastos em suas emendas parlamentares. Só no Orçamento deste ano, a coisa vai para mais de R$ 47 bilhões. Isso sem contar os quase R$ 5 bilhões que destinaram ao financiamento das eleições municipais.

Miguel de Almeida - Diretas Já, 40 anos depois

O Globo

Éramos jovens, ingênuos e sonhadores, acreditávamos na força do povo como instrumento de pressão

Passados 40 anos — no próximo 16 de abril —, o comício pelas Diretas Já, no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, registra a maior frente ampla política ocorrida no Brasil. Para aquele milhão de brasileiros, ali reunidos, entre eles o Miguelzinho, uma nesga de esperança emanava dos discursos de diferentes personalidades, quase uma certeza para a minha geração: o país do futuro deixaria de ser uma promessa. Tínhamos apenas de derrubar a ditadura militar. Mas nos esquecemos de combinar com os russos.

Éramos jovens, ingênuos e sonhadores, acreditávamos na força do povo como instrumento de pressão e mudanças. Tá. A manifestação, antes e ainda hoje não superada em número e desejos, mirava a votação no Congresso da emenda Dante de Oliveira, que restabeleceria as eleições diretas, portanto enviaria os militares de volta aos quartéis. As passeatas, depois o palanque, traziam um elenco de oposicionistas sinceros, de quintas-colunas mal disfarçados e de oportunistas de quatro costados. Os russos em nossas camas.

Bruno Carazza* - Distorções do fundão no mercado eleitoral

Valor Econômico

Concentração de recursos em poucos candidatos desequilibra a disputa

Num tempo em que a comunicação e a disseminação de informações eram precárias, acontecia de dois acadêmicos desenvolverem teorias semelhantes na mesma época, porém de forma totalmente independente.

O economista alemão Albert Hirschman havia passado um período na Universidade da Califórnia e em 1945 publicou num livro um cálculo medindo a competição nos setores de importação e exportação. De forma paralela, na Costa Leste, o doutorando Orris Herfindahl teve uma ideia semelhante para mensurar, em sua tese apresentada à Universidade de Columbia, o poder de mercado de siderúrgicas.

Apesar de pequenas diferenças nas suas formulações, os dois economistas tiveram seus nomes eternizados numa das mais ferramentas mais importantes para análise de concentração de mercados. O HHI (Hirschman-Herfindahl Index) é um parâmetro até hoje utilizado pelos órgãos antitruste na verificação do potencial de danos que uma operação de fusão ou aquisição pode causar.

Alex Ribeiro - A expansão do BNDES vai pressionar a taxa Selic?

Valor Econômico

Exercícios matemáticos e estatísticos do BC mostram que o crédito direcionado repercute bem menos as variações da Selic do que o crédito livre

Os analistas econômicos do mercado financeiro estão reavaliando os possíveis impactos do aumento do crédito direcionado nos juros básicos da economia, depois do anúncio oficial da nova política industrial pelo governo Lula.

O tema nunca saiu do radar do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que, nas atas das suas reuniões, repete que o aumento de crédito direcionado é um dos fatores que podem causar “impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação”.

Marcus André Melo* - Calcificação política

Folha de S. Paulo

A competitividade das eleições impede que perdedores revisem suas posições para ajustá-las às preferências do eleitorado

Em uma das mais influentes análises da eleição presidencial de 2020, Lynn Vavreck, Cris Tausanovitch e John Sides argumentam que o sistema político dos EUA está "calcificado", e não apenas polarizado. A calcificação alicerça-se em quatro pilares. O primeiro é que a distância ideológica entre democratas e republicanos se ampliou muito, aumentando para o leitor o custo de mudar o voto, como já discuti aqui na coluna.

O segundo é que internamente os partidos estão crescentemente mais homogêneos em termos demográficos (religião, idade, raça, rural x urbano, etc.) e programáticos. A partir dos anos 1970, por exemplo, a população branca dos estados sulistas, que era maciçamente democrata, migrou para o partido republicano, em uma sobreposição crescente de características sociais e partidarismo.

Deborah Bizarria* - As críticas à política industrial

Folha de S. Paulo

Não é de protecionismo estatal que a indústria precisa para ganhar produtividade

‘A discussão da política econômica do momento é a respeito do Nova Indústria Brasil, programa que destina R$ 300 bilhões para impulsionar a indústria a partir de linhas de crédito, subsídios e exigências de conteúdo local.

José Luís Gordon, diretor do BNDES, rebateu as primeiras críticas dizendo que as entidades dos setores beneficiados aprovaram a nova política (jura?) e que quem criticou se valia da "velha retórica dos economistas neoliberais anacrônicos". Ao mesmo tempo, não contrapõe os argumentos colocados por diversos economistas.

economista Bernardo Guimarães escreveu uma coluna explicando alguns pontos sobre a proposta. O primeiro deles é que simplesmente colocar mais recursos em um setor econômico não necessariamente vai gerar maior produtividade e crescimento.

Por isso, ter critérios claros para a escolha dos beneficiários, metas e avaliação constante seria fundamental. Assim, poderíamos evitar o contínuo desperdício de bilhões de reais em políticas que não fortalecem a indústria nem geram crescimento para o resto da economia.