quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Vera Magalhães - Polarização como vício

O Globo

As declarações recentes de Lula mostram um presidente capturado pela ideia de contraposição com Bolsonaro

Não bastasse o mal que faz ao debate público, o desgaste que causa às instituições de Estado e o risco que representa para a própria democracia, a polarização política virou uma muleta que os dois lados que dela se alimentam passaram a usar para justificar todas as suas mazelas e exigir do público complacência com as inconsistências de seus projetos de governo.

O clã Bolsonaro — investigado em múltiplas frentes por suspeitas que vão de aparelhamento de Estado e tentativa de minar o processo eleitoral, por parte do patriarca e ex-presidente, a traficâncias várias por que são investigados os filhos — coloca tudo no saco da perseguição política do PT, do Judiciário e da imprensa.

Mais: essa sanha incontrolável não estaria voltada apenas à família, mas seria destinada a abater toda a direita e o pensamento conservador, incluídos aí cristãos, por meio de uma cruzada religiosa.

Trata-se de uma tática tão surrada quanto ainda eficaz de criar uma cortina de fumaça para fatos de extrema gravidade. A parcela do público que reza segundo a cartilha do bolsonarismo compra de forma acrítica essa explicação, que não se sustenta de pé e funciona como elixir para tudo, de Abin paralela a joias ofertadas por um país ao governo brasileiras e vendidas sorrateiramente.

Qual seria o antídoto para evitar que esse expediente diversionista continuasse vicejando? Que o outro lado da disputa política aposentasse as práticas e restabelecesse no trato da política e da coisa pública parâmetros mais impessoais e racionais de atuação. Mas nem sempre tem sido assim.

O episódio em que a Secom de Lula usou suas redes sociais para lacrar em cima da operação que teve Carlos Bolsonaro como alvo mostra que os expedientes usados pelo adversário foram em parte absorvidos pela nova gestão. Às favas o que diz a Constituição quanto aos princípios que devem nortear a administração e a comunicação públicas.

Não bastasse ser antirrepublicano, o uso partidário das redes de um órgão de Estado dessa forma ainda corrobora de modo pouco inteligente o discurso do clã Bolsonaro de que é vítima de perseguição. O vício na polarização é de tal natureza que não há ninguém para apontar, se não o desvio de finalidade de uma ferramenta pública, ao menos a pouca inteligência da “sacada”.

As declarações recentes de Lula também mostram um presidente totalmente capturado pela contraposição com o bolsonarismo, como se apenas isso pudesse ser um projeto de governo capaz de assegurar sua reeleição daqui a três anos. A volta por cima do trumpismo, a vitória de Javier Milei na Argentina e outras rebordosas de países igualmente mergulhados num embate entre antípodas políticos deveriam mostrar o risco de não quebrar esse mal.

O presidente foi aconselhado, ainda na aurora de seu terceiro mandato, a não incorrer na armadilha de trazer o “coiso”, como seus ministros se referiam a Bolsonaro, à cena a cada declaração. Um ano depois, segue fazendo isso e tropeçando em cada casca de banana que o antecessor coloca em seu caminho, como a reação a suas declarações mais recentes, depois de uma live marcada justamente para medir forças num terreno — as redes sociais — onde a polarização redutora é fermentada.

Lula deveria estar cobrando soluções de seus ministérios para nós concretos que podem macular sua gestão, e não usando uma conferência sobre educação para dizer que “vai ter polarização” e que ele acha “bom que tenha” nas eleições municipais. O resultado é abrir o flanco para a acusação de que a educação é palco de uma guerra ideológica, exatamente como Bolsonaro fez, a um preço altíssimo para o país.

Ao aceitar que a eleição de 2024 será um repeteco da de 2022, Lula contribui para manter Bolsonaro forte até 2026. E anabolizado pelo discurso de que as graves acusações que pesam contra ele e seu governo são apenas e tão somente vingança política.

3 comentários:

Anônimo disse...

O BRASIL VAI DESABAR SE TIVER OUTROS 20 ANOS COMO OS ÚLTIMOS

■■■Nos últimos 40 anos o PT com seu ódio destruiu alguma coisa que havia de melhor na política brasileira.

■■■Política feita com ódio e sem projeto, sem ciência e sem compromisso com a democracia nada constrói e só aumenta a destruição já existente::
■■O Brasil, que já não vinha nada bem, piorou gravemente tudo nos últimos 20 anos::
■Fracassou completamente, na economia, na educação, na segurança, na industrialização, nos valores, nos princípios, em tudo. E além de aprofundar problemas que já existiam, foram criados outros.

O BRASIL ESTÁ DESABANDO!

■■■Esse ódio à esquerda que já vinha de 40 anos foi multiplicado pelo ressurgido ódio à direita trazido à superfície por Bolsonaro, e a soma destes dois ódios vem instaurando oTERROR no Brasil::
=》TERROR TECNICO, TERROR MORAL E TERROR ESPIRITUAL

■■■Mesmo a música brasileira, que servia como uma conversa boa, acalmava ou criava felicidade, está ela praticamente destruída e passou a fazer parte da destruição geral, estraçalhando o ouvido, o cérebro e os pensamentos.

□Tente atravessar uma faixa de areia da praia, tente ficar 30 minutos em um bar, tente vagar por algum tempo por seu bairro, e dificilmente você não será afastado destes locais por uma música que expulsa qualquer possibilidade de paz, em vez de trazer essa paz como trazia.

O BRASIL ESTÁ SE TORNANDO UM LUGAR INFERNAL!

■■■A educação brasileira se tornou uma das piores do mundo, a segurança está acompanhando a educação, até mesmo como subproduto da educação de péssima qualidade que o Brasil está dando, e o atual governo, que disputou sem apresentar um programa nem mesmo para a economia, já desperdiçou um ano de mandato.

TUDO QUE VINHA SENDO FEITO MAL VAI CONTINUAR A SER FEITO MAL
■■O Brasil não vai suportar mais 20 anos de desgovernos.
■Não podemos continuar piorando!

É PRECISO POR FIM À POLARIZAÇÃO ENTRE ESTES DOIS POPULISMOS DANOSOS!

■■■Fica um apelo aos poucos líderes antipolarização e defensores da democracia que ainda temos, ROBERTO FREIRE, EDUARDO JORGE, BALEIA ROSSI, MARCUS PESTANA, JOÃO AMOEDO, DENISE FROSARD e outros assim, para mobilizarem quadros para a elaboração de um programa mínimo e articulação de uma frente política e eleitoral de reconstrução da democracia e da economia brasileira e, junto, da reconstrução da educação, da segurança, da política internacional e afastamento ideológico das ditaduras, que nenhum bem fará ao Brasil.

O BRASIL PRECISA VOLTAR!

■■A base que foi sendo construída entre 1993 e 2006 está quase completamente destruída:: ■Destruída por incompetência, destruída por corrupção, destruída por descompromisso com a democracia, destruida por péssima marca espiritual, destruída por ideologismos.

■■■O Brasil não irá resistir a mais 20 anos como foram os últimos, e o que está sinalizado pelo que mostram as forças eleitorais que hoje dominam, Lula e Bolsonaro, com eles tudo será uma repetição agravada do horror que vem sendo construído.

O BRASIL NÃO SUPORTA MAIS 20 ANOS IGUAIS AOS ULTIMOS!

Edson Luiz Pianca.
@edson_luiz
edsonmaverick@yahoo.com.br

Anônimo disse...

■■Alguém que quiser acompanhar estudos sérios e combate a extremismo é polarização, busquem em @MichelePradoBa
=》É o endereço da pesquisadora no twitter e lá ela coloca outras coisas, se diverte:: mas lá também estão indicados endereços para a discussão séria sobre extremismos e polarização.

Eu havia abandonado o Twitter no mesmo momento em que me inscrevi e agora, faz duas semanas, voltei.

Só usando as redes sociais temos chance de ultrapassar estes dois populismos que estão destruindo o Brasil.

ADEMAR AMANCIO disse...

FHC e Lula,saudade daquele tempo,coxinha e mortadela,adoro os dois petiscos.