Paula Ferreira, Caio Spechoto / O Estado de S. Paulo
Em papel de destaque no PT após as eleições
municipais deste ano, ministro da Educação, diz que sigla precisa pensar no
pós-Lula
Considerado um vitorioso das eleições
municipais, o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), evita se colocar como
um candidato a sucessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Camilo
indica que o PT não está preparado para a aposentadoria do seu principal líder
e alerta que o partido precisa se preparar para formar novos quadros.
Nas eleições deste ano, Camilo foi o cabo eleitoral da principal vitória petista: Evandro Leitão foi eleito em Fortaleza (CE), o único prefeito do partido entre as capitais. Para aliados, a vitória empoderou o ministro, cujo trabalho é considerado positivo por Lula. Em entrevista ao Estadão, na última quarta-feira, Camilo afirmou que sua missão é no Ministério da Educação, mas deu recados ao partido.
“Acho que ninguém está preparado para
aposentadoria de Lula”, afirmou. “Ele muitas vezes passa mais energia do que
muita gente nova, mas é claro que o partido precisa se preparar e precisa
construir novas lideranças municipais, estaduais e nacionais, novos quadros.”
Na última eleição, o PT ampliou o número de
prefeituras em relação a 2020, passando de 183 para 252 neste ano. O partido,
no entanto, perdeu espaço em locais de grande influência, como Araraquara,
governada por Edinho Silva (PT), um dos petistas mais próximos de Lula.
Nesse contexto, o ministro da Educação
defende que o partido se volte para suas bases e tente compreender o movimento
do eleitor. Diz ainda que o próximo presidente da sigla deve ter a missão de
aproximar o partido do eleitor.
‘AUTOCRÍTICA’. “O PT teve uma estratégia
diferente da última eleição, em 2020, resolveu apoiar muitos candidatos de
outros partidos. Isso é um ponto importante a ser avaliado. Outro ponto é que
onde o PT lançou o candidato perdemos um número muito grande de municípios,
principalmente em alguns estados, como o Estado de São Paulo. É preciso ser
feita uma autocrítica para entender o comportamento do eleitor em relação aos
candidatos do PT, da esquerda, da centro-esquerda”, disse.
Em São Paulo, o PT nas urnas teve o pior
resultado de sua História, com apenas quatro prefeituras: Mauá, na região do
Grande ABC, e Matão, Santa Lúcia e Lucianópolis, no interior.
‘EXPECTATIVAS’. Camilo Santana diz que o
partido precisa se adaptar à nova realidade política e que as aspirações dos
jovens mudou. “A realidade de dez, 20 anos atrás é muito diferente da realidade
de hoje, o PT precisa entender que o momento é outro. Não é a mesma juventude
de antes do Lula, que não tinha universidade, poder aquisitivo. A juventude de
hoje, com 18 anos, não viveu essa época. Então a expectativa dessas pessoas
também são outras.”
O ministro desconversa sobre possibilidade de vir a se lançar como uma opção futura do PT para a Presidência. “Eu nunca sonhei em ser governador do meu Estado. Aliás, nunca imaginei ser. Sonhar, sonhava. Eu sou muito grato ao presidente, é uma honra ter sido convidado para o Ministério da Educação. O único pensamento que tenho é dar minha contribuição. Para mim, o nosso candidato à reeleição é o presidente Lula”, disse.
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