A vitória de Dilma Rousseff tem características muito especiais, e talvez a menos importante seja o fato de o Brasil ter eleito a primeira mulher para o cargo de presidente da República. Não deixa de ser algo histórico, já verificado no continente na Argentina de Cristina Kirchner e no Chile de Michelle Bachelet, mas de nenhuma influência nos desafios efetivos que o novo governo enfrentará nos campos político, econômico e social. O criador de Dilma Rousseff, presidente Lula, fez de tudo para ter na figura da fiel ministra a personificação do seu terceiro mandato consecutivo, vetado corretamente pela Constituição e rejeitado pela sociedade.
Sequer os limites da legislação eleitoral o contiveram na mobilização da máquina do governo e de estatais para ajudar a eleger sua criatura. Aqui, a presidente Dilma Rousseff tem o primeiro desafio, pois, mesmo que concorde em apenas guardar o gabinete do terceiro andar do Planalto para Lula tentar reocupá-lo em 2014, a realidade da administração de um país grande e complexo como o Brasil exige um governo ativo.
No discurso da vitória, na noite de domingo, a presidente eleita registrou que não deixará de bater à porta de Lula em busca de conselhos. Pode ser, mas a maior parte da responsabilidade pelo que vier a acontecer, de bom ou de mal, será dela. A não ser que se estabeleça uma regra inédita no universo da política pela qual lucros da gestão Dilma serão capitalizados pelo lulismo, e as eventuais perdas, repartidas entre a presidente e o PT.
A campanha foi ríspida e ao mesmo tempo superficial, sem aprofundar qualquer discussão de problemas efetivos do país. A situação ressuscitou o tema da privatização, de forma mistificadora, enquanto a oposição se retraiu, diante dos índices recordes de popularidade do criador de Dilma. Mas, apurados os votos, ambos os lados precisam delimitar espaços de convivência, em respeito ao eleitorado, à democracia, ao país.
Neste sentido, o primeiro discurso de Dilma presidente infunde esperança de que será possível construir pontes entre governo e oposição, necessárias para o manejo de questões sérias, como a das bases frágeis e até injustas do sistema previdenciário do país do funcionalismo e dos assalariados do setor privado ; da ampliação dos investimentos na melhoria da qualidade da educação pública básica, sem o que as milhões de famílias dependentes das bolsas do assistencialismo jamais se libertarão da esmola estatal, e assim por diante.
Fez bem Dilma Rousseff ao estender a mão à oposição, garantindo que não praticará discriminação, privilégios e compadrios.
A postura coincide com a do senador tucano eleito Aécio Neves, considerado o grande nome da oposição no Congresso. Não poderia mesmo ser desconsiderado que, se Dilma obteve 55,7 milhões de votos, o candidato oposicionista José Serra atraiu 43,7 milhões de eleitores, quase 44% do total. Além disso, os tucanos elegeram oito governadores, três deles na região mais desenvolvida do país (São Paulo, Minas e Paraná). Em estados tucanos residem 47,5% dos eleitores e são produzidos 54,6% do PIB nacional. No primeiro turno, o principal partido de oposição vencera em São Paulo, Minas, Paraná e Tocantins; no domingo, conquistou Alagoas, Pará, Goiás e Roraima.
O governo Dilma, muito devido ao caboeleitoral Lula, fez ampla maioria na Câmara e no Senado. Mas não poderá esquecer como ficou o mapa eleitoral do Brasil, quase que dividido entre Sudeste/Sul/Centro-Oeste, majoritariamente oposicionista, e Norte/Nordeste, situacionista. Não interessa à sociedade a exploração política desta divisão, na qual estados mais ricos, com população mais esclarecida, ficaram com governadores de oposição.
Isso deve servir apenas de fator de moderação das alas radicais petistas, que talvez imaginem poder avançar sobre a Constituição.
Registre-se, ainda, a defesa das liberdades feita pela presidente eleita de imprensa, religião, culto. Este é um passo concreto para unificar o país, em torno de direitos fundamentais inscritos na Constituição, acima de partidos e ideologias.
Sequer os limites da legislação eleitoral o contiveram na mobilização da máquina do governo e de estatais para ajudar a eleger sua criatura. Aqui, a presidente Dilma Rousseff tem o primeiro desafio, pois, mesmo que concorde em apenas guardar o gabinete do terceiro andar do Planalto para Lula tentar reocupá-lo em 2014, a realidade da administração de um país grande e complexo como o Brasil exige um governo ativo.
No discurso da vitória, na noite de domingo, a presidente eleita registrou que não deixará de bater à porta de Lula em busca de conselhos. Pode ser, mas a maior parte da responsabilidade pelo que vier a acontecer, de bom ou de mal, será dela. A não ser que se estabeleça uma regra inédita no universo da política pela qual lucros da gestão Dilma serão capitalizados pelo lulismo, e as eventuais perdas, repartidas entre a presidente e o PT.
A campanha foi ríspida e ao mesmo tempo superficial, sem aprofundar qualquer discussão de problemas efetivos do país. A situação ressuscitou o tema da privatização, de forma mistificadora, enquanto a oposição se retraiu, diante dos índices recordes de popularidade do criador de Dilma. Mas, apurados os votos, ambos os lados precisam delimitar espaços de convivência, em respeito ao eleitorado, à democracia, ao país.
Neste sentido, o primeiro discurso de Dilma presidente infunde esperança de que será possível construir pontes entre governo e oposição, necessárias para o manejo de questões sérias, como a das bases frágeis e até injustas do sistema previdenciário do país do funcionalismo e dos assalariados do setor privado ; da ampliação dos investimentos na melhoria da qualidade da educação pública básica, sem o que as milhões de famílias dependentes das bolsas do assistencialismo jamais se libertarão da esmola estatal, e assim por diante.
Fez bem Dilma Rousseff ao estender a mão à oposição, garantindo que não praticará discriminação, privilégios e compadrios.
A postura coincide com a do senador tucano eleito Aécio Neves, considerado o grande nome da oposição no Congresso. Não poderia mesmo ser desconsiderado que, se Dilma obteve 55,7 milhões de votos, o candidato oposicionista José Serra atraiu 43,7 milhões de eleitores, quase 44% do total. Além disso, os tucanos elegeram oito governadores, três deles na região mais desenvolvida do país (São Paulo, Minas e Paraná). Em estados tucanos residem 47,5% dos eleitores e são produzidos 54,6% do PIB nacional. No primeiro turno, o principal partido de oposição vencera em São Paulo, Minas, Paraná e Tocantins; no domingo, conquistou Alagoas, Pará, Goiás e Roraima.
O governo Dilma, muito devido ao caboeleitoral Lula, fez ampla maioria na Câmara e no Senado. Mas não poderá esquecer como ficou o mapa eleitoral do Brasil, quase que dividido entre Sudeste/Sul/Centro-Oeste, majoritariamente oposicionista, e Norte/Nordeste, situacionista. Não interessa à sociedade a exploração política desta divisão, na qual estados mais ricos, com população mais esclarecida, ficaram com governadores de oposição.
Isso deve servir apenas de fator de moderação das alas radicais petistas, que talvez imaginem poder avançar sobre a Constituição.
Registre-se, ainda, a defesa das liberdades feita pela presidente eleita de imprensa, religião, culto. Este é um passo concreto para unificar o país, em torno de direitos fundamentais inscritos na Constituição, acima de partidos e ideologias.
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