DEU N AFOLHA DE S. PAULO
Para cientista político, atitude de diálogo credencia tucano a buscar a Presidência
Claudia Antunes
Para cientista político, atitude de diálogo credencia tucano a buscar a Presidência
Claudia Antunes
RIO - O senador eleito Aécio Neves não travará uma "luta frontal" com os paulistas pela candidatura do PSDB à Presidência em 2014, mas tampouco ficará "quieto e passivo", avalia o mineiro Rubem Barboza Filho, da UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora).
Segundo o cientista político, evitar o choque direto obedece ao "estilo" do ex-governador de Minas Gerais e ao seu cálculo de evitar vetos do grupo de São Paulo, que hoje domina o partido.
"Se considerarmos Aécio e os paulistas como dois jogadores, ambos sabem que podem vetar as pretensões do adversário, mas também que isso é a morte de ambos. O interessante será ver como cada lado consegue "seduzir" o outro num jogo mais inclusivo", disse, por e-mail.
Para Barboza, a eleição mostrou que a "despaulistização" do PSDB é inevitável "num futuro próximo".
Ele acha que os paulistas dificilmente conseguirão repetir a "manobra" deste ano, quando José Serra "impôs" sua candidatura. Mas não aceitarão "passivamente" o "deslocamento de sua hegemonia". Daí a estratégia do ex-governador mineiro:
"Aécio tem capacidade de interlocução com outros partidos e lideranças, o que provavelmente nenhum outro líder tucano tem hoje. Por outro lado, aglutinará o sentimento de que o jogo interno de SP não pode determinar a dinâmica da disputa nacional. [O ex-presidente] Itamar Franco será seu fiel escudeiro nessa campanha."
O cientista político não concorda com a percepção de que Aécio não se esforçou no segundo turno -Dilma Rousseff venceu com vantagem de 17 pontos em Minas.
Barboza lembra que a votação de Serra no Estado aumentou 35% em relação ao primeiro turno (30,76% para 41,55%), e a da petista subiu 24% (46,98% para 58,45%). Na capital, o tucano venceu por 51% a 49%.
"Para um analista maldoso, Aécio teria feito uma operação cirúrgica: mostrado sua capacidade de mudar na capital e enviado o recado de que esse era o limite que se impôs, para abrir o futuro. Não creio que nenhum político tenha essa capacidade de dispor do eleitorado."
Segundo Barboza, há três razões para a derrota de Serra em Minas: a popularidade de Lula no Estado, a resistência dos mineiros a São Paulo, acirrada pelo "bloqueio" à candidatura de Aécio, e a incapacidade de Serra de "seduzir e comover" eleitores.
Ele avalia, no entanto, que Aécio só poderá viabilizar sua pretensão à Presidência se articular uma proposta diferente da do PT -mas não se trata de rumar à direita, diz.
"É preciso aprofundar uma política de direitos sem transformá-los em "dádiva" de um enredo político particular, mas como parte do romance republicano do país."
O cientista político não concorda com a percepção de que Aécio não se esforçou no segundo turno -Dilma Rousseff venceu com vantagem de 17 pontos em Minas.
Barboza lembra que a votação de Serra no Estado aumentou 35% em relação ao primeiro turno (30,76% para 41,55%), e a da petista subiu 24% (46,98% para 58,45%). Na capital, o tucano venceu por 51% a 49%.
"Para um analista maldoso, Aécio teria feito uma operação cirúrgica: mostrado sua capacidade de mudar na capital e enviado o recado de que esse era o limite que se impôs, para abrir o futuro. Não creio que nenhum político tenha essa capacidade de dispor do eleitorado."
Segundo Barboza, há três razões para a derrota de Serra em Minas: a popularidade de Lula no Estado, a resistência dos mineiros a São Paulo, acirrada pelo "bloqueio" à candidatura de Aécio, e a incapacidade de Serra de "seduzir e comover" eleitores.
Ele avalia, no entanto, que Aécio só poderá viabilizar sua pretensão à Presidência se articular uma proposta diferente da do PT -mas não se trata de rumar à direita, diz.
"É preciso aprofundar uma política de direitos sem transformá-los em "dádiva" de um enredo político particular, mas como parte do romance republicano do país."
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